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Portugal espera que EUA de Trump sejam oportunidade para UE "falar menos e fazer mais"

por Lusa

O primeiro-ministro português disse hoje esperar que a nova administração norte-americana de Donald Trump seja "uma oportunidade" para União Europeia "falar menos e fazer mais" na sua autonomia, com Bruxelas e Washington a continuarem a apoiar a Ucrânia.

"Esta perspetiva de mudança política nos Estados Unidos da América tem de ser vista como oportunidade, a oportunidade de falarmos menos e fazermos mais", disse Luís Montenegro, falando aos jornalistas portugueses em Budapeste.

Líderes europeus reúnem-se hoje, capital húngara, para a quinta cimeira da Comunidade Política Europeia e um jantar informal do Conselho Europeu, com foco nos desafios europeus de competitividade e de defesa, num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos, depois de o republicano Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos.

Felicitando Donald Trump, Luís Montenegro destacou a eleição "inequívoca do ponto de vista do resultado" do candidato republicano.

"Do ponto de vista bilateral, nós temos todo o interesse em continuar a aprofundar a nossa relação" entre Lisboa e Washington, dado que, "do ponto de vista económico, do ponto de vista cultural e até histórico nós temos uma relação muito profunda" devido à "grande comunidade portuguesa nos Estados Unidos da América e de ter cada vez mais americanos a investir em Portugal e a visitar Portugal", elencou.

Numa altura em que a UE tenta ser mais competitiva economicamente e mais independente de países terceiros, o chefe de Governo português reforçou que "a Europa tem de ter mais autonomia, do ponto de vista, não só da defesa, mas também do ponto de vista da sua dinâmica económica".

"Nós temos de reforçar a capacidade dos europeus poderem produzir mais em todos os contextos no setor primário, desde logo", vincou.

Questionado sobre qual o posicionamento de Trump relativamente ao apoio ocidental à Ucrânia na sequência da invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, Luís Montenegro disse esperar que os Estados Unidos continuem a ser um "parceiro privilegiado" na ajuda, nomeadamente ao nível da NATO.

De momento, surgem em Kiev receios quanto ao apoio de Washington com a nova administração Trump, já que, em recentes declarações, o republicano disse que poderia impor a paz na Ucrânia em "24 horas", sem concretizar, e criticou a dimensão da ajuda dada àquele país do leste europeu para resistir à invasão russa, elogiando ainda Vladimir Putin.

Tanto na Europa como na Ucrânia, teme-se que Donald Trump obrigue Kiev a negociar com Moscovo em condições muito desfavoráveis.

Nestas declarações aos jornalistas portugueses, Luís Montenegro revelou ter tido, à margem da cimeira da Comunidade Política Europeia, várias reuniões bilaterais em Budapeste, como com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, ao qual anunciou que "Portugal vai aderir ao esforço de ajuda que está a ser promovido pelo Reino Unido, nomeadamente através de um donativo financeiro de cerca de 52 milhões de euros que será, por sua vez, consumado com a aquisição de drones [veículos não tripulados] portugueses".

Ainda nestas declarações, Luís Montenegro foi questionado sobre a crise política interna da Alemanha, indicando "aguardar serenamente" os desenvolvimentos, sem que a situação motivada também pela estagnação económica alemã afeta, a seu ver, a economia portuguesa por esta estar hoje "resiliente" e com "bom desempenho".

Criada em 2022 após a invasão russa da Ucrânia, a Comunidade Política Europeia é uma plataforma de coordenação política para debates sobre o futuro da Europa.

Após esta cimeira, que decorre durante o dia no estádio Puskás Arena, inicia-se o Conselho Europeu informal com um jantar dos chefes de Governo e de Estado da UE no edifício do parlamento húngaro.

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