Por uma relação "sólida e estável". Secretário de Estado dos EUA em Pequim com presidente chinês

por Joana Raposo Santos - RTP
Xi Jinping defendeu que "o mundo precisa" de uma relação "sólida e estável" entre a China e os EUA. Leah Millis - Reuters

O secretário de Estado dos EUA esteve reunido esta segunda-feira, em Pequim, com o presidente chinês. Xi Jinping transmitiu a Antony Blinken que a China "respeita os interesses" dos Estados Unidos e não vai tentar desafiar Washington. O líder diz pretender uma relação "sólida e estável", mas deixou um alerta: "nenhum dos lados deve tentar moldar o outro".

No final do encontro, que durou cerca de 30 minutos, Xi Jinping avançou que foram encontrados pontos em comum entre as duas partes. “Fizemos progressos e chegámos a entendimentos em alguns pontos específicos”, declarou, o que considerou “uma coisa boa”.

“Espero que, com esta visita, o senhor secretário possa fazer mais contribuições positivas para estabilizar as relações China-EUA”, disse o líder chinês, dizendo acreditar que “os dois maiores países do mundo consigam ultrapassar as várias dificuldades e encontrar o caminho certo para se darem bem”.

Xi Jinping defendeu que “o mundo precisa” de uma relação “sólida e estável” entre as duas nações e garantiu que Pequim respeita os interesses de Washington, não pretendendo “desafiá-la”.
O presidente apelou ainda aos Estados Unidos que adotem uma atitude racional e pragmática e que trabalhem com a China nessa direção. “Os dois países devem agir com sentido de responsabilidade pela história, pelo povo e pelo mundo”, vincou.

Xi deixou também um alerta: “nenhum dos lados deve tentar moldar o outro à sua própria vontade”.
EUA querem estabilizar relações bilaterais
Já Antony Blinken disse ao presidente chinês que Washington e Pequim têm a obrigação de gerir a sua relação e que os Estados Unidos se comprometem a fazê-lo.

O secretário de Estado transmitiu ainda ao líder chinês que os EUA têm noção dos desafios que a China coloca e que as duas partes precisam de estabilizar as suas relações bilaterais.

O responsável disse mesmo ser “absolutamente vital” que Washington e Pequim estabeleçam comunicações no campo militar. A China, porém, não concordou em avançar com essa proposta. “É um assunto sobre o qual teremos de continuar a trabalhar”, declarou.

A guerra na Ucrânia esteve também em cima da mesa, com Blinken a reiterar que a China está a desempenhar um papel “construtivo” para alcançar a paz.

Em desacordo está, por outro lado, a posição dos dois países em relação a Taiwan. O responsável norte-americano expressou as preocupações dos EUA e de outros países para com as ações “provocatórias” de Pequim no Estreito de Taiwan.

À semelhança de Xi Jinping, também Antony Blinken deixou um aviso: “os EUA vão continuar a levar a cabo ações direcionadas para proteger os interesses nacionais do país”.

Neste sentido, o secretário de Estado discutiu o caso de cidadãos norte-americanos detidos sem fundamentos legais na China e de outros que estão neste momento proibidos de sair do país.
Relações “no ponto mais baixo”
Antes de se encontrar com o presidente da China, Blinken esteve com o diplomata Wang Yi, ex-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros. Wang diagnosticou que as relações EUA-China estão num “ponto baixo” graças à perceção errada que Washington tem de Pequim.

“Devemos tomar uma atitude responsável relativamente às pessoas, à história e ao mundo, revertendo a espiral descendente das relações” entre os dois países, acrescentou o diplomata, à semelhança do que viria a dizer na manhã desta segunda-feira o presidente chinês.

O secretário de Estado norte-americano salientou, por sua vez, a importância de canais de comunicação aberta, naquela que considerou uma conversa “produtiva”.Blinken é o primeiro secretário de Estado norte-americano a reunir-se com o presidente chinês desde 2018.

No dia anterior, Blinken teve uma reunião de sete horas e meia com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang. O Departamento de Estado dos EUA considerou a conversa “sincera, substancial e construtiva”, apesar de não terem sido alcançados progressos concretos quando às disputas que envolvem Taiwan, comércio ou Direitos Humanos.

Apesar das “profundas” diferenças entre as duas nações, estas expressaram a vontade de estabilizar os seus laços e concordaram que Qin visitaria Washington para que a conversa pudesse ter uma continuação. Não foi, porém, anunciada uma data.

Segundo a estação chinesa CCTV, durante a reunião Qin disse a Blinken que as relações entre China e Estados Unidos “estão no ponto mais baixo desde o estabelecimento das relações diplomáticas”.

c/ agências
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