Por ordem de Kim Jong-un. Coreia do Norte aposta em lançadores de mísseis

por Carlos Santos Neves - RTP
Kim Jong-un visita uma fábrica de armamento acompanhado da filha, Kim Ju-ae KCNA via EPA

O líder do regime norte-coreano sinalizou esta sexta-feira que pretende ver reforçada a produção de lançadores de mísseis, no contexto do acentuar da tensão face a Estados Unidos e Coreia do Sul. Kim Jong-un deslocou-se a uma fábrica de plataformas móveis para mísseis balísticos de longo alcance no dia em que Seul denunciou o disparo de projéteis de artilharia de Pyongyang para águas a norte da fronteira marítima.

O número um do regime de matriz estalinista da metade setentrional da Península Coreana esteve na fábrica acompanhado pelo diretor do Departamento Industrial de Munições, Jo Chun-ryong, da irmã, Kim Yo-jong, e da filha, Kim Ju-ae, que terá nesta altura 11 anos de idade.

De acordo com a KCNA, Kim Jong-un foi colocado a par de detalhes da produção dos sistemas de lançamento móveis, tendo insistido na necessidade de produzir mais mísseis de curto e longo alcance. Esta visita, escreveu a agência estatal, "está em conformidade com as propostas da sessão plenária de dezembro de 2023 do Comité Central do Partido".

Recorde-se que o líder da Coreia do Norte veio enfatizar, no final de dezembro, que o processo de reconciliação e reunificação dos dois países da Península Coreana não seria já exequível, pelo que Pyongyang tencionava prosseguir os esforços de modernização do equipamento militar.As autoridades da Coreia do Sul ordenaram esta sexta-feira a evacuação de duas ilhas, após Pyongyang ter disparado centenas de projéteis de artilharia para águas a norte da fronteira marítima. O Ministério sul-coreano da Defesa descreveu estas manobras como "um ato de provocação que ameaça a paz na península".


Na visita à fábrica de sistemas de lançamento de mísseis balísticos, Kim Jong-un saudou também os trabalhadores, assinalando que "superaram o objetivo traçado pelos funcionários do partido em 2023".

A Administração norte-americana acusou na quinta-feira a Coreia do Norte de ter fornecido à Rússia os mísseis e os respetivos sistemas de lançamento empregues na mais recente vaga de bombardeamentos sobre a Ucrânia.

"As nossas informações indicam que a Coreia do Norte forneceu recentemente à Rússia sistemas de lançamento de mísseis balísticos e vários mísseis balísticos", denunciou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Ainda segundo o porta-voz norte-americano, os mísseis norte-coreanos foram disparados pela máquina de guerra russa a 30 de dezembro e a 2 de janeiro.Exercícios com fogo real

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul revelou, nas últimas horas, que as estruturas militares norte-coreanas fizeram pelo menos 200 disparos para águas a norte da fronteira marítima, a oeste da Península Coreana, próximo das ilhas de Yeonpyeong e Baengnyeong.

Habitantes de Yeonpyeong, citados pelas agências internacionais, adiantaram que os militares sul-coreanos lhes pediram que se retirassem das suas casas como "medida preventiva". Isto porque pretenderiam pôr em marcha exercícios militares ainda esta sexta-feira. Foi igualmente pedido aos residentes de Baengnyeong que abandonassem as casas.O regime de Pyongyang fez, em 2010, 170 disparos de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, causando então as mortes de quatro pessoas, entre as quais dois civis.


Nos termos de um acordo de 2018, os governos de Seul e Pyongyang comprometeram-se a abster-se de exercícios com fogo real ou atividades de vigilância em zonas de exclusão aérea e zonas tampão. Mas a 22 de novembro do ano passado a Coreia do Sul partiu para a suspensão parcial do acordo, depois de o Norte ter colocado em órbita um primeiro satélite militar espião.

A China apelou entretanto à "calma e contenção" de "todas as partes", perante os últimos disparos da artilharia norte-coreana - o Governo de Pequim espera que "se abstenham de tomar medidas que agravem as tensões" e "evitem uma nova escalada".

c/ agências

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