O mundo vai atingir os oito mil milhões de habitantes esta terça-feira, de acordo com a ONU. A organização estima que a Índia ultrapasse a China e se torne no país mais populoso do mundo já no próximo ano.
O crescimento populacional para oito mil milhões de pessoas deve-se, em grande parte, às melhorias na saúde pública e na medicina "que prolongaram a vida e reduziram drasticamente as taxas de mortalidade materna e infantil", destacou António Guterres, secretário-geral da ONU.
Contudo, a população mundial está a crescer ao ritmo mais lento desde 1950, tendo caído abaixo de 1% em 2020. As Nações Unidas salientam que houve um crescimento de mil milhões de pessoas em 12 anos, mas que serão precisos 15 para se chegar aos nove mil milhões de habitantes. Atualmente, dois terços da população mundial vive num país onde a fertilidade é inferior a 2,1 nascimentos por mulher.
O crescimento global da população concentra-se sobretudo nos países mais pobres do mundo. Mais de metade do aumento previsto da população global até 2050 estará concentrado em oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.
Índia, um país díspar
A Índia foi o maior contribuinte para o alcance dos oito mil milhões de
habitantes, com 177 milhões de pessoas, ultrapassando a China, com 73
milhões. Apesar de a China ainda ser o país mais populoso do mundo, a ONU estima que seja ultrapassada pela Índia já em 2023.
Cada vez mais dividida, a Índia enfrenta duros problemas económicos e sociais, por um lado devido à explosão populacional no país, mas também ao envelhecimento. Com efeito, existem duas realidades completamente diferentes dentro do mesmo país: no norte, o problema é o enorme crescimento demográfico; no sul, tem uma população fortemente envelhecida.
Sendo o sul a região mais rica do país, beneficia de instrução sobre planeamento familiar e de sensibilização para o uso de métodos contracetivos. Na década de 1950, uma mulher na Índia daria à luz em média de mais de seis filhos, hoje em dia a média nacional é de pouco mais de dois.
Cada vez mais dividida, a Índia enfrenta duros problemas económicos e sociais, por um lado devido à explosão populacional no país, mas também ao envelhecimento. Com efeito, existem duas realidades completamente diferentes dentro do mesmo país: no norte, o problema é o enorme crescimento demográfico; no sul, tem uma população fortemente envelhecida.
Sendo o sul a região mais rica do país, beneficia de instrução sobre planeamento familiar e de sensibilização para o uso de métodos contracetivos. Na década de 1950, uma mulher na Índia daria à luz em média de mais de seis filhos, hoje em dia a média nacional é de pouco mais de dois.
A norte, surge o exemplo da própria capital, Nova Deli, que já é considerada uma das cidades mais poluídas do mundo e onde não existem escolas, universidades nem emprego para suportar o número cada vez mais crescente de jovens no país.
O líder do Partido do Povo Indiano, força partidária de Narendra Modi, apresentou recentemente uma petição ao Supremo Tribunal apelando a"uma política eficaz de controlo populacional como a China", mas tal política foi negada.
Pequim com novos incentivos à natalidade
Pequim com novos incentivos à natalidade
Por outro lado, a ONU estima que o contributo da China para a demografia mundial comece a ser progressivamente negativa.
O país esteve durante décadas preocupado com o crescimento populacional e impôs a rigorosa "política do filho único" entre 1980 e 2015 para manter os números da natalidade sob controlo. Agora, alarmada com a perspetiva de uma sociedade em envelhecimento, a China tem tentado encorajar os casais a terem mais filhos, com benefícios fiscais e ajudas monetárias, bem como licenças de maternidade mais generosas, seguros médicos e subsídios de habitação.
Os demógrafos acreditam que o número de novos nascimentos na China deverá cair para níveis mínimos recorde este ano, caindo abaixo dos 10,6 milhões do ano passado, que já era 11,5% mais baixo do que em 2020.