As Nações Unidas garantem que o bebé número sete mil milhões do mundo nasce esta segunda-feira, dia 31 de outubro de 2011. Apesar de ser impossível prever onde nascerá, a Organização aposta que será em Uttar Pradesh, o Estado mais populoso da Índia, onde nascem 11 crianças por minuto.
"Atualmente, a população mundial está a crescer ao ritmo mais rápido da história", diz Carl Haub, demógrafo do Population Reference Bureau. "Em 1900, estávamos em 1,6 mil milhões. Em 99 anos, capotámos o número para 6,1 mil milhões", acrescenta.
A contagem decrescente começou há dez meses, no 19.º andar de um arranha-céus de Manhattan, onde uma equipa de cinco demógrafos de várias nacionalidades, cada um encarregue de estudar 40 países, territórios e áreas, começou a recolher e trabalhar dados.
Veja, em tempo real, a velocidade a que, em média, cresce a população mundial.
No momento em que este artigo foi publicado faltavam, estatisticamente, sete horas e 18 minutos para nascer o bebé que assinalará o marco dos sete mil milhões de pessoas no mundo. Mas as previsões demográficas têm sempre um grau de incerteza e, apesar de a ONU apostar que nascerá um rapaz em Uttar Pradesh, o Estado mais populoso da Índia, onde nascem 11 crianças por minuto, não deverá fazer o mesmo que em 1999, quando o então secretário-geral Kofi Annan pegou ao colo no bebé seis mil milhões, na Bósnia-Herzegovina. As Nações Unidas apontaram a presença de Annan em Sarajevo, naquele ano, como uma coincidência feliz, mas a situação foi conectada com conteúdo político, após uma década de guerra na ex-Jugoslávia.
Margem de erro
"Mesmo o melhor dos censos tem uma margem de erro de três por cento", afirma Álvaro Serrano, coordenador da campanha "Sete Mil Milhões de Ações", lançada pelo Fundo das Nações Unidas para a População. Mesmo com apenas um por cento de margem de erro, admitindo que as previsões da ONU são certeiras, isto significa que o bebé sete mil milhões tanto pode nascer hoje como pode ter nascido há seis meses, ou vir a nascer até abril de 2012. Ainda assim, a ONU decidiu assinalar o dia simbolicamente e transmitirá uma conferência de imprensa com o secretário-geral Ban Ki-moon esta tarde, em Nova Iorque.
As Nações Unidas afirmam ser agora necessário que os líderes mundiais se reúnam com vista a descobrirem soluções para resolver os problemas causados por uma população em tão próspero crescimento, incluindo o aumento da pressão sobre os meios de subsistência naturais básicos, como os alimentos, a água e o combustível.
De facto, este marco histórico reacendeu velhos debates sobre o controlo da natalidade, a proteção dos recursos naturais e a redução do consumo.
Somos mais, mas estamos mais velhos
Muito do aumento da população ocorre no Continente Africano, o mais jovem do mundo e com maior taxa de natalidade. Segundo os estudos demográficos, a China - que deverá ser ultrapassada pela Índia como o país mais populoso do mundo nos próximos 50 anos -, o Brasil e a generalidade dos países da Europa deverão começar a diminuir o crescimento da sua população pelo envelhecimento contínuo.
Isto porque o crescimento é maior nos países mais pobres, onde os avanços na saúde mantêm as pessoas vivas por mais tempo, enquanto as taxas de natalidade ainda são relativamente altas. O resultado é uma diferença etária enorme entre os países mais desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento: a parcela da população acima de 65 anos é de 21 por cento na Alemanha e de 23 por cento no Japão, enquanto que em países como a Gâmbia e o Senegal é de apenas dois por cento.
Galeria de imagens: Saiba quais são os 10 países mais populosos do mundo.
O envelhecimento da raça humana tem sido mais rápido do que qualquer um poderia ter imaginado há algumas décadas atrás. As taxas de fertilidade caíram globalmente e, simultaneamente, a esperança média de vida aumentou. Mas a transição demográfica abrupta criou uma forte turbulência económica. O envelhecimento da sociedade transformou-se numa crise internacional de grandes proporções. De repente as economias mais desenvolvidas estão desesperadas por bebés, porque precisam de mais trabalhadores para fornecer bens e serviços a um cada vez maior número de reformados e pensionistas. Com efeito, a transição demográfica tem sido um fator significativo na crise financeira na Europa, com o número de trabalhadores a diminuir drasticamente e de forma constante em relação aos aposentados.
A taxa de fecundidade em Portugal, na Alemanha, na Itália, em Espanha e na Grécia é inferior a 1,5 filhos por mulher, drasticamente menor do que o valor considerado ideal para a "substituição" da geração anterior, de 2,1 filhos por casal (a taxa de 0,1 é a acrescentada para contar com as crianças que não atingem a idade adulta).
Segundo o portal Pordata, no momento da publicação deste artigo Portugal teria uma população de 10.568.253 e hoje terão nascido 115 bebés.
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