População mundial chega aos sete mil milhões

por Joana Tadeu, RTP
Bebé nascido nas Filipinas e assinalado como um dos possíveis a marcar a chegada da população mundial a sete mil milhões Erik de Castro/EPA

As Nações Unidas garantem que o bebé número sete mil milhões do mundo nasce esta segunda-feira, dia 31 de outubro de 2011. Apesar de ser impossível prever onde nascerá, a Organização aposta que será em Uttar Pradesh, o Estado mais populoso da Índia, onde nascem 11 crianças por minuto.

É hoje que a população mundial chega aos sete mil milhões. E com 200 mil pessoas a nascer por dia os especialistas preveem que, até ao final do século, se ultrapassem os dez mil milhões de pessoas na Terra. Cerca de metade da população mundial atual nasceu nos últimos 40 anos.

"Atualmente, a população mundial está a crescer ao ritmo mais rápido da história", diz Carl Haub, demógrafo do Population Reference Bureau. "Em 1900, estávamos em 1,6 mil milhões. Em 99 anos, capotámos o número para 6,1 mil milhões", acrescenta.

A contagem decrescente começou há dez meses, no 19.º andar de um arranha-céus de Manhattan, onde uma equipa de cinco demógrafos de várias nacionalidades, cada um encarregue de estudar 40 países, territórios e áreas, começou a recolher e trabalhar dados.

Veja, em tempo real, a velocidade a que, em média, cresce a população mundial.

No momento em que este artigo foi publicado faltavam, estatisticamente, sete horas e 18 minutos para nascer o bebé que assinalará o marco dos sete mil milhões de pessoas no mundo. Mas as previsões demográficas têm sempre um grau de incerteza e, apesar de a ONU apostar que nascerá um rapaz em Uttar Pradesh, o Estado mais populoso da Índia, onde nascem 11 crianças por minuto, não deverá fazer o mesmo que em 1999, quando o então secretário-geral Kofi Annan pegou ao colo no bebé seis mil milhões, na Bósnia-Herzegovina. As Nações Unidas apontaram a presença de Annan em Sarajevo, naquele ano, como uma coincidência feliz, mas a situação foi conectada com conteúdo político, após uma década de guerra na ex-Jugoslávia.

Margem de erro
"Mesmo o melhor dos censos tem uma margem de erro de três por cento", afirma Álvaro Serrano, coordenador da campanha "Sete Mil Milhões de Ações", lançada pelo Fundo das Nações Unidas para a População. Mesmo com apenas um por cento de margem de erro, admitindo que as previsões da ONU são certeiras, isto significa que o bebé sete mil milhões tanto pode nascer hoje como pode ter nascido há seis meses, ou vir a nascer até abril de 2012. Ainda assim, a ONU decidiu assinalar o dia simbolicamente e transmitirá uma conferência de imprensa com o secretário-geral Ban Ki-moon esta tarde, em Nova Iorque.

As Nações Unidas afirmam ser agora necessário que os líderes mundiais se reúnam com vista a descobrirem soluções para resolver os problemas causados ​​por uma população em tão próspero crescimento, incluindo o aumento da pressão sobre os meios de subsistência naturais básicos, como os alimentos, a água e o combustível.

De facto, este marco histórico reacendeu velhos debates sobre o controlo da natalidade, a proteção dos recursos naturais e a redução do consumo.

Somos mais, mas estamos mais velhos
Muito do aumento da população ocorre no Continente Africano, o mais jovem do mundo e com maior taxa de natalidade. Segundo os estudos demográficos, a China - que deverá ser ultrapassada pela Índia como o país mais populoso do mundo nos próximos 50 anos -, o Brasil e a generalidade dos países da Europa deverão começar a diminuir o crescimento da sua população pelo envelhecimento contínuo.

Isto porque o crescimento é maior nos países mais pobres, onde os avanços na saúde mantêm as pessoas vivas por mais tempo, enquanto as taxas de natalidade ainda são relativamente altas. O resultado é uma diferença etária enorme entre os países mais desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento: a parcela da população acima de 65 anos é de 21 por cento na Alemanha e de 23 por cento no Japão, enquanto que em países como a Gâmbia e o Senegal é de apenas dois por cento.

Galeria de imagens: Saiba quais são os 10 países mais populosos do mundo.

O envelhecimento da raça humana tem sido mais rápido do que qualquer um poderia ter imaginado há algumas décadas atrás. As taxas de fertilidade caíram globalmente e, simultaneamente, a esperança média de vida aumentou. Mas a transição demográfica abrupta criou uma forte turbulência económica. O envelhecimento da sociedade transformou-se numa crise internacional de grandes proporções. De repente as economias mais desenvolvidas estão desesperadas por bebés, porque precisam de mais trabalhadores para fornecer bens e serviços a um cada vez maior número de reformados e pensionistas. Com efeito, a transição demográfica tem sido um fator significativo na crise financeira na Europa, com o número de trabalhadores a diminuir drasticamente e de forma constante em relação aos aposentados.

A taxa de fecundidade em Portugal, na Alemanha, na Itália, em Espanha e na Grécia é inferior a 1,5 filhos por mulher, drasticamente menor do que o valor considerado ideal para a "substituição" da geração anterior, de 2,1 filhos por casal (a taxa de 0,1 é a acrescentada para contar com as crianças que não atingem a idade adulta).

Segundo o portal Pordata, no momento da publicação deste artigo Portugal teria uma população de 10.568.253 e hoje terão nascido 115 bebés.
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