São aos milhares os animais marinhos que estão a ser afetados e mesmo a morrer por causa da poluição plástica e os cientistas prevêem que este cenário piore nos próximos anos. Segundo um estudo recente, tartarugas marinhas e mamíferos marinhos acabam por engolir ou ficar presos no nosso lixo plástico que chega ao oceano.
"Choked, Strangled, Drowned: The Plastics Crisis Unfolding in Our Oceans" ("Sufocado, estrangulado, afogado: a crise do plástico nos nossos oceanos" na tradução em português), divulgado na quinta-feira pela Oceana, uma organização internacional sem fins lucrativos de defesa dos oceanos, encontrou provas de que quase 1.800 animais de 40 espécies diferentes estão a ser gravemente afetados pela poluição de plástico desde 2009 nas águas dos Estados Unidos da América.
Segundo o relatório, 88 por cento destas espécies estudadas foram identificadas por estarem em perigo ou ameaçadas de extinção. Mas há algo que preocupa mais os investigadores: os animais analisados neste relatório são muito menos do que o número real de tartarugas marinhas e mamíferos marinhos (como baleias) que são realmente afetados pelo plástico que poluiu os mares norte-americanos.
"Em 2019, os meios de comunicação de todo o mundo noticiaram que uma baleia-de-bico morreu após ingerir mais de 88 libras de plástico [cerca de 40 quilos]. A baleia morreu de fome e o seu ácido digestivo, incapaz de degradar a massa compacta que enchia o estômago, começou a devorar o animal de dentro para fora. Mas nem todos os incidentes como esse se tornaram notícia", lê-se no documento, que frisa que "muitas tragédias no oceano passam despercebidas, e as causadas pelo plástico não são diferentes".
"A crise do plástico é profunda, ampla e generalizada, afetando ecossistemas e animais de maneiras que estamos apenas a começar a entender".
A Oceana, o maior grupo de preservação dos oceanos a nível mundial, compilou pela primeira vez "os dados disponíveis sobre a ingestão de plástico e emaranhamentos em mamíferos marinhos e tartarugas marinhas nas águas dos Estados Unidos", o que revelou "a inundação de plástico nos nossos oceanos e o impacto devastador que está a ter sobre a vida marinha".
Dos 23 Estados norte-americanos costeiros, foram encontrados casos de animais feridos ou mortos em 21.
"Esta é a primeira vez que olhamos para o problema de uma perspectiva dos EUA", explicou num comunicado de imprensa Kimberly Warner, autora do relatório e cientista da Oceana. "Isso traz-nos o problema para casa".
"Esta é a primeira vez que olhamos para o problema de uma perspectiva dos EUA", explicou num comunicado de imprensa Kimberly Warner, autora do relatório e cientista da Oceana. "Isso traz-nos o problema para casa".
"Antes, as evidências de que muitos mamíferos marinhos e tartarugas marinhas dos Estados Unidos estavam a ser prejudicadas pelo plástico não eram compiladas num só lugar. Embora possa nunca haver um relato completo do destino de todos os animais marinhos afetados pelo plástico, este relatório pinta um quadro sombrio. O mundo está viciado em plástico porque a indústria continua a encontrar cada vez mais maneiras de manter este poluente persistente nas nossas rotinas diárias - e ele está a sufocar, a estrangular e a afogar a vida marinha", continuou a cientista.
"Este relatório mostra que há uma ampla gama de plásticos descartáveis que comprometem os animais marinhos, e não são apenas os objetos que nos vêm à cabeça, como sacos, balões e tampas de garrafa", esclareceu. "Estes animais estão a consumir e a ficar presos em tudo, desde fechos e fio dental até aos sacos de malha das cebolas que vemos no supermercado. Só podemos esperar que estes casos aumentem à medida que a indústria continua a empurrar o plástico de uso único para as mãos dos consumidores".
"Este relatório mostra que há uma ampla gama de plásticos descartáveis que comprometem os animais marinhos, e não são apenas os objetos que nos vêm à cabeça, como sacos, balões e tampas de garrafa", esclareceu. "Estes animais estão a consumir e a ficar presos em tudo, desde fechos e fio dental até aos sacos de malha das cebolas que vemos no supermercado. Só podemos esperar que estes casos aumentem à medida que a indústria continua a empurrar o plástico de uso único para as mãos dos consumidores".
Sacos de plástico, balões e até brinquedos podem afetar a vida marinha
O relatório descobriu que o plástico afetou os animais em todas as fases da vida, desde tartarugas marinhas recém-nascidas até focas adultas já com filhotes. O consumo de plástico foi o problema mais prevalecente nos casos de animais anilados, compreendendo cerca de 90 por cento do total, embora os casos em que os animais ficam presos e são estrangulados também tenha afetado um número significativo.
Segundo o documento, a maioria das espécies que consumiu ou ficou emaranhada em plástico estão em perigo ou ameaçadas, incluindo focas-monge havaianas, peixes-boi, leões marinhos Steller e todas as seis espécies de tartarugas marinhas dos EUA.
Dos casos em que a ingestão de plástico foi a causa provável ou que contribuiu para a morte do animal, sete aconteceram apenas devido a um pedaço de plástico. E os tipos de plástico mais comumente identificados como consumíveis pelos animais foram sacos, balões, linhas de pesca recreativa, lonas de plástico e embalagens de alimentos. No entanto, também foram identificados com possíveis objetos consumíveis escovas de dentes, tampas de garrafa, esponjas, talheres de plástico ou até brinquedos.
Dos casos em que a ingestão de plástico foi a causa provável ou que contribuiu para a morte do animal, sete aconteceram apenas devido a um pedaço de plástico. E os tipos de plástico mais comumente identificados como consumíveis pelos animais foram sacos, balões, linhas de pesca recreativa, lonas de plástico e embalagens de alimentos. No entanto, também foram identificados com possíveis objetos consumíveis escovas de dentes, tampas de garrafa, esponjas, talheres de plástico ou até brinquedos.
Já os que a equipa identificou como os objetos que normalmente prendiam os animais eram as alças de plástico das embalgens, sacos, balões com cordões e algumas lonas.
"Este relatório é apenas um retrato do que está a acontecer com os animais que habitam as águas poluídas com plástico nos Estados Unidos - imagine como os números seriam grandes se incluíssem os animais não observados ou documentados pelos humanos", disse Christy Leavitt, co-autor do relatório e diretor da campanha de plásticos da Oceana.
"A produção de plástico deve quadruplicar nas próximas décadas e, se nada mudar, a quantidade de plástico que flui para o oceano deve triplicar até 2040. A única maneira de fechar a torneira e proteger os nossos oceanos é as empresas pararem de produzir plástico descartável desnecessário - e isso exigirá que os governos nacionais, estaduais e locais passem políticas que garantam isso".
"A produção de plástico deve quadruplicar nas próximas décadas e, se nada mudar, a quantidade de plástico que flui para o oceano deve triplicar até 2040. A única maneira de fechar a torneira e proteger os nossos oceanos é as empresas pararem de produzir plástico descartável desnecessário - e isso exigirá que os governos nacionais, estaduais e locais passem políticas que garantam isso".
Os animais marinhos engolem plástico quando o confundem com comida ou inadvertidamente quando se alimentam ou nadam. Mas, uma vez ingerido, este pode obstruir o sistema digestivo ou lacerar os intestinos, e assim interferir na capacidade de se alimentar e obter alimento - o que pode levar o animal a morrer à fome.
Quando os animais ficam presos em plásticos, podem afogar-se, morrer sufocados ou sofrer traumas físicos, como amputação ou infeção. O emaranhamento pode levar também à desnutrição se impedir ou dificultar a capacidade de se alimentar.
Estima-se que cerca 15 milhões de toneladas métricas de plástico cheguem ao oceano todos os anos.
Os Estados Unidos desempenham um papel significativo neste problema global, uma vez que produzem mais resíduos plásticos do que qualquer outro país, de acordo com um estudo de 2020. E com a produção de plástico a aumentar a um ritmo rápido, cada vez maiores quantidades de plástico podem inundar o nosso planeta e provocar consequências devastadoras.
Quando os animais ficam presos em plásticos, podem afogar-se, morrer sufocados ou sofrer traumas físicos, como amputação ou infeção. O emaranhamento pode levar também à desnutrição se impedir ou dificultar a capacidade de se alimentar.
Estima-se que cerca 15 milhões de toneladas métricas de plástico cheguem ao oceano todos os anos.
Os Estados Unidos desempenham um papel significativo neste problema global, uma vez que produzem mais resíduos plásticos do que qualquer outro país, de acordo com um estudo de 2020. E com a produção de plástico a aumentar a um ritmo rápido, cada vez maiores quantidades de plástico podem inundar o nosso planeta e provocar consequências devastadoras.