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Polónia. Batalha sobre comunicação social é o primeiro grande desafio de Donald Tusk

por Joana Raposo Santos - RTP
Donald Tusk, antigo presidente do Conselho Europeu, regressou ao poder na Polónia com a promessa de restaurar a unidade nacional. Aleksandra Szmigiel - Reuters

O ministro da Cultura da Polónia quer colocar em liquidação a televisão, rádio e agência de notícias estatais. A decisão, anunciada esta quarta-feira, é mais um passo na luta sobre o futuro dos órgãos de comunicação públicos nesse país e que opõe o novo primeiro-ministro, Donald Tusk, e a oposição apoiada pelo presidente, Andrzej Duda.

Desde que a coligação pró-União Europeia liderada por Tusk tomou posse, no início deste mês, foi iniciada uma revisão dos órgãos de comunicação do Estado que, de acordo com alguns críticos, se tornaram veículos de propaganda ao longo dos últimos oito anos de poder do partido Lei e Justiça (PiS), do anterior primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki.

A decisão desta quarta-feira de liquidar os meios de comunicação estatais surge depois de o presidente polaco e aliado do PiS, Andrzej Duda, ter vetado as propostas do novo Governo para o financiamento público da comunicação social, incluindo a atribuição de quase 700 milhões de euros aos órgãos de comunicação do Estado.O chefe de Estado polaco acusou Donald Tusk de violar a Constituição na sua reforma dos media.

"Devido à decisão do presidente da República da Polónia de suspender o financiamento dos meios de comunicação públicos, decidi liquidar as empresas Telewizja Polska SA, Polskie Radio SA e Polska Agencja Prasowa SA", avançou o ministro da Cultura, Bartlomiej Sienkiewicz, num comunicado publicado na rede social X.

"Na atual situação, esta ação permitirá garantir a continuidade do funcionamento dessas empresas, levar a cabo as reestruturações necessárias e evitar demissões de funcionários", justificou, acrescentando que o estado de liquidação poderá ser retirado a qualquer momento pelo proprietário das empresas, ou seja, o Estado.

Em resposta, a deputada do PiS Joanna Lichocka considerou que "o Governo de Tusk está a destruir a comunicação social polaca" e que "esta é uma ação que prejudica o Estado".
Parcialidade ou pluralismo?
No início deste mês, o novo Governo tirou do ar o canal de notícias estatal TVP Info e demitiu funcionários de órgãos de comunicação públicos, alegando a necessidade de "restaurar a imparcialidade". Ativistas da liberdade de expressão e analistas concordam que, sob a governação do PiS, a estação TVP Info não atuou com a neutralidade necessária.

Por outro lado, o PiS defende que as medidas do novo Governo de Donald Tusk ameaçam o pluralismo na comunicação social por removerem as vozes conservadoras. O partido diz ainda que as mudanças são ilegais por terem sido implementadas sem uma proposta de lei sujeita a votação no Parlamento.

Os meios de comunicação estatais da Polónia tornaram-se, assim, no primeiro campo de batalha entre o novo Governo de coligação e o partido conservador PiS, cujos aliados mantêm presença na sede da agência noticiosa estatal.Entretanto, depois de vetar as propostas do novo Governo, o presidente Duda propôs a sua própria lei para aumentar os salários dos funcionários públicos.

Donald Tusk, antigo presidente do Conselho Europeu, regressou ao poder na Polónia com a promessa de restaurar a unidade nacional e as normas democráticas com medidas que incluíam a reforma dos meios de comunicação estatais.

Embora o PiS tenha vencido as eleições disputadas a 15 de outubro, um conjunto de forças de oposição conseguiu 248 assentos na Câmara Baixa do Parlamento de 460 membros e alcançou acordo para formar Governo, apesar da resistência do presidente polaco.

c/ agências
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