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"Política de coesão tem de ser salvaguardada", defende Elisa Ferreira

por RTP

A comissária portuguesa afiançou que no seu mandato na Comissão Europeia liderada por Ursula von der Leyen vai lutar para que entre "dinheiro novo" para "projetos novos", evitando que as verbas para as novas políticas sejam desviadas dos fundos da política de coesão, sob a sua tutela.

Elisa Ferreira tem a pasta da pasta da Coesão e Reformas no novo executivo comunitário que hoje foi votado favoravelmente pelo Parlamento Europeu.

Uma votação que Elisa Ferreira considera ter sido muito forte e sólida, contrariamente às expetativas, que acaba por ser um apoio à “agenda ambiciosa” preconizada pela nova Presidente, num “período bastante difícil na vida da União Europeia”.

"Fiquei muitíssimo satisfeita porque é uma votação muito forte, é uma maioria bastante sólida. Os principais grupos pré-europeístas todos votaram a favor. Os Verdes abstiveram-se, mas com um discurso bastante expectante, dizendo que estariam disponíveis para apoiar em todas as circunstâncias em que de facto esse apoio fosse merecido, o que também se percebe, e portanto eu acho que nós temos aqui um bloco bastante sólido de confiança na Comissão", reforçou.

Sobre os cortes que têm vindo a ser anunciados no fundo de Coesão, a portuguesa garantiu que se vai bater pelo princípio de que se tem de procurar novo dinheiro para avançar para as novas políticas e não retirar essa verba a políticas já existentes, como o fundo de coesão. A palavra cortes esteve arredada das palavras da comissária.

“O Orçamento Europeu é pouquíssimo”, disse Elisa Ferreira aos jornalistas, já depois da votação que aprovou o elenco da nova Comissão.

A comissária portuguesa colocou a tónica na necessidade de aumentar o Orçamento Comunitário, atualmente de 1% da riqueza dos países, defendendo que os Governos europeus têm de ser pressionados na atual fase de negociação orçamental.

Admitindo que gostaria que a proposta da Comissão "fosse aumentada", Elisa Ferreira realçou a "luta desenfreada" entre as instituições europeias em torno do valor das contribuições nacionais para o mesmo, sempre em redor de 1% do Rendimento Nacional Bruto.

"Anda à volta de 1% da riqueza comum que nós temos. E esta luta desenfreada sobre se é 1,16%, 1,3% ou 1% é em torno de um valor que é perfeitamente mínimo para que uma União com este grau de harmonização de políticas possa efetivamente funcionar", salientou.

“Os Governos têm de perceber que União não pode sobreviver”, alertou, argumentando que também cabe à nova Comissão mostrar onde o dinheiro vai ser gasto e a utilidade que tem esse investimento.

“A política de coesão não é antiquada nem é supletiva, é essencial”, defendeu Elisa. “Tem de ser salvaguardada”, reforçou.

Para isso, a nova comissária considera que a política de coesão não equivale a políticas antigas, tem de se adaptar aos novos tempos, nomeadamente o ajustamento ambiental consoantes os compromissos do Acordo de Paris e requalificação digital.

Por outro lado, Elisa Ferreira defende que é necessário que haja “controlo e responsabilização de todos os atores” sobre o modo como se usam estes fundos. “Temos de ser críticos e cuidadosos sobre a forma como utilizamos os fundos estruturais”, apontando Portugal como um país experiente nesta área.
"Enorme entusiasmo"
Num registo mais pessoal, admitiu sentir "alguma emoção" e um "enorme entusiasmo" ao regressar ao centro da Europa para abraçar um novo desafio que "nunca tinha esperado que acontecesse".

"Eu tive a sorte, durante a minha vida, de fazer coisas fabulosas, e o país deu-me essa oportunidade e eu só tenho de agradecer, porque de facto tive oportunidades fantásticas. E é com alguma emoção que volto a este espaço. Eu pensava que já não regressava aqui", começou por dizer.

Apontando que gostou "muito" dos três anos e meio que passou no Banco de Portugal, Elisa Ferreira notou que fez durante 12 anos, precisamente no Parlamento Europeu, "muito trabalho na área financeira", mas lembrou que a sua "tradição de envolvimento cívico esteve muito associada de facto ao desenvolvimento regional e, desde o princípio, à Europa".

"Neste momento, é com um enorme entusiasmo que eu de algum modo fecho um ciclo, combinando política regional, política de desenvolvimento, com política europeia. E, de facto, foi qualquer coisa que eu nunca tinha esperado que acontecesse na minha vida e aconteceu. Tive essa sorte. Obrigado aos Portugueses", declarou.

Elisa Ferreira vai ser entrevistada no Telejornal da RTP, esta quarta-feira.

A "Comissão Von der Leyen" foi hoje aprovada pelo Parlamento Europeu com 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções, num total de 707 votos expressos. O anterior executivo, liderado por Jean-Claude Juncker, foi aprovado há cinco anos com 423 votos a favor, 209 contra e 67 abstenções, num total de 751 votos expressos.
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