Polícia de Moçambique procura refúgio na fronteira com a África do Sul

por Lusa

Mais de trinta agentes da Polícia de Moçambique procuram refúgio com a segurança sul-africana no posto de fronteira de Lebombo, entre Komatipoort e Ressano Garcia, noticiou hoje o canal público sul-africano SABC.

A África do Sul encerrou na noite desta terça-feira a principal fronteira com o país vizinho lusófono por "motivos de segurança", na sequência de violentos protestos que eclodiram no lado moçambicano da fronteira, em Ressano Garcia, anunciou a Autoridade de Gestão de Fronteiras da África do Sul (BMA, na sigla em inglês).

Os manifestantes terão invadido o posto de fronteira moçambicano, incendiando edifícios, incluindo casas de agentes de segurança e veículos da autoridade aduaneira moçambicana, segundo fontes locais.

Contactada pela Lusa, a Autoridade de Gestão de Fronteiras da África do Sul não confirmou até ao momento o número de agentes da polícia moçambicana assistidos nas últimas horas pela segurança de fronteira sul-africana.

Em declarações ao portal sul-africano News24, o comissário de fronteira Michael Masiapato anunciou o encerramento da fronteira com Moçambique na noite desta terça-feira, indicando que "sete agentes da polícia moçambicana refugiaram-se na segurança da fronteira sul-africana e estavam a ser assistidos por funcionários no terreno".

De acordo com o funcionário sul-africano "o lado sul-africano [da fronteira] não foi afetado, mas é necessário tomar medidas de segurança".

"A BMA está a coordenar-se estreitamente com as autoridades moçambicanas e as agências de aplicação da lei sul-africanas para monitorizar a situação e trabalhar no sentido de reabrir a fronteira assim que for seguro fazê-lo", salientou.

O exército sul-africano encontra-se destacado na fronteira com Moçambique, confirmou hoje à Lusa o porta-voz da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), Siphiwe Dlamini.

"A SANDF está a trabalhar com a BMA ao longo da fronteira para defender a nossa integridade territorial", salientou.

O porta-voz militar sul-africano escusou-se a precisar a operacionalidade das forças armadas na sequência da escalada de violência pós-eleitoral no país vizinho lusófono.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique a 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, após um apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais que têm degenerado em violência e intervenção da polícia, e uma manifestação concentrada em Maputo convocada para esta quinta-feira.

 

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