Poderes reforçados. Xi Jinping carimba terceiro mandato ao leme da China

por Cristina Sambado - RTP
Xi Jinping, de 69 anos, já tinha obtido em outubro um prolongamento de cinco anos na chefia do Partido Comunista e da comissão militar Mark R. Cristino - EPA

O presidente da China foi nomeado esta sexta-feira, por unanimidade, para um terceiro mandato de cinco anos. O presidente russo Vladimir Putin, cujo país é um parceiro económico e diplomático de Pequim, já felicitou Xi Jinping.

A votação foi unânime. Xi obteve 2.952 votos a favor, zero votos contra e zero abstenções. Após a contagem dos votos, o presidente chinês foi saudado por aplausos de todos os deputados presentes no Palácio do Povo, que faz fronteira com a Praça Tiananmen.
Xi Jinping, de 69 anos, já tinha obtido em outubro um prolongamento de cinco anos na chefia do Partido Comunista Chinês (PCC) e da comissão militar, os dois mais importantes cargos do poder no país.
Como único candidato, Xi Jinping foi reeleito para o terceiro mandato como Chefe de Estado.

O controlo do presidente sobre os três braços do poder - o Estado, o PCC e o exército - foi assim reforçado.

Na sessão plenária foram igualmente aprovadas as nomeações de Han Zheng (vice-presidente) e Zhao Leji (presidente do Comité Permanente da APN). Ambos pertenciam à equipa do Comité Permanente do Politburo.

Depois de anunciado o resultado, três soldados de uniforme completo marcharam pelas escadas do Palácio do Povo, antes de colocarem uma cópia da Constituição em cima de uma secretária.

“Juro ser leal ao país e ao povo, trabalhar arduamente para construir um grande país socialista moderno, próspero, forte, democrático, mais civilizado e harmonioso”, prometeu Xi Jinping, com o punho direito levantado e a mão esquerda em cima da cópia da Constituição.

Os últimos tempos foram complicados para Xi, que enfrentou grandes manifestações nos finais de novembro contra a política “covid zero”, que levou a um aumento do número de óbitos desde o abandono da estratégia em dezembro.
Os desafios do terceiro mandato

Com a “eleição” para este terceiro mandato, Xi Jinping torna-se o líder supremo com mais longevidade na história recente da China.

No final do terceiro mandato, Xi estará na casa dos 70 anos e poderá potencialmente prolongar o mandato por mais cinco anos, se entretanto não surgir um sucessor credível. A República Popular da China é marcada por um culto à personalidade do líder, desde o mandato de Mao Tse-tung (1949-1976).

Mas os desafios do líder chinês são inúmeros. A segunda maior economia do mundo está a registar um abrandamento, a taxa de natalidade está em queda e a imagem internacional da China tem-se deteriorado consideravelmente nos últimos anos.

A nível interno, o país enfrenta uma recuperação desafiante depois dos três anos de pandemia e da política de confinamento decidida por Xi. Entre os consumidores e as empresas vive-se uma confiança frágil devido à queda das exportações.

Em 2022, a economia chinesa cresceu apenas três por cento, um dos piores desempenhos em décadas. No parlamento, Xi estabeleceu como objetivo o crescimento para cerca de cinco por cento este ano.


Além disso, as relações com os Estados Unidos estão em queda, com numerosas disputas em cima da mesa, desde Taiwan, ao tratamento dos muçulmanos Uighur, para não falar da rivalidade entre as duas potências em termos tecnológicos.
“Cooperação russo-chinesa frutuosa”
O presidente russo, Vladimir Putin, foi um dos primeiros líderes mundiais a felicitar Xi Jinping pelo seu terceiro mandato. Dias antes da Rússia avançar para a invasão da Ucrânia, os dois países celebraram uma “parceria sem limites”.

A Rússia aprecia enormemente a vossa contribuição pessoal para o reforço das relações entre os nossos países. Estou certo de que ao agir em conjunto, garantiremos o desenvolvimento de uma cooperação russo-chinesa frutuosa em vários domínios", declarou Vladimir Putin, numa mensagem divulgada pelo Kremlin.

"Vamos continuar a coordenar o nosso trabalho comum sobre as questões mais importantes da agenda regional e internacional", realçou.

Para Moscovo, a reeleição do presidente chinês "ilustra o reconhecimento dos méritos enquanto chefe de Estado, bem como o apoio à política em favor de maior desenvolvimento social e económico na China e da proteção dos interesses chineses na cena internacional".

Desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Moscovo tem procurado reforçar as relações com Pequim, quando os dois países atravessam um período de fortes tensões com os Estados Unidos.

Até agora, Pequim não condenou, nem apoiou explicitamente a ofensiva russa na Ucrânia, apesar de ter pedido uma resolução para o conflito.

c/ agências
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