O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, pediu hoje à União Europeia (UE) "planos de ação claros [para as migrações], com financiamento adequado e com a mesma prioridade para todas as rotas do Mediterrâneo".
Na véspera de mais uma cimeira dos chefes de Estado e de Governo da UE, Draghi acrescentou que estes planos "devem ser colocados em prática rapidamente".
"É fundamental que a Comissão Europeia (CE) apresente já neste Conselho [Europeu] planos de ação claros, adequadamente financiados e com a mesma prioridade para todas as rotas do Mediterrâneo, incluindo a do sul", afirmou, durante uma intervenção no Senado.
Draghi, que recebeu aplausos ao assegurar que "neste verão a Itália continuou a cumprir as suas obrigações de resgate marítimo internacional" para "defender os valores europeus de solidariedade e acolhimento", considerou ainda que "a Europa deve fazer mais" para "promover canais de imigração legais".
"Seguindo, por exemplo, o modelo dos chamados corredores humanitários", acrescentou, após relembrar que o Conselho Europeu de junho passado "se comprometeu a trabalhar com os países de origem e de trânsito, em cooperação com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM)".
A este respeito, o líder italiano referiu "dois dos compromissos programados que expiram neste outono", nomeadamente a apresentação de planos de ação para os países prioritários que devem "incluir objetivos, medidas de apoio e calendários precisos" e um relatório "ao Conselho sobre as melhores utilizações possíveis de pelo menos 10% dos fundos do Instrumento de Vizinhança, Desenvolvimento e Cooperação Internacional".
Draghi mencionou em particular a Líbia e a Tunísia, países de onde partem a maioria dos migrantes que chegam à Itália, e exortou a UE a "prestar atenção à especificidade das fronteiras marítimas e à real estabilidade política" de ambas as nações.
"Proponho que a Comissão Europeia informe os chefes de Estado e de Governo em cada Conselho Europeu sobre o grau de implementação e o andamento dos compromissos adquiridos", acrescentou.
Em outras ocasiões, Draghi apelou a um maior compromisso europeu com a política de migração e, em particular, pediu mais pressão sobre África para resolver o problema, nomeadamente para substituir a migração ilegal, administrada por máfias dedicadas ao tráfico de pessoas, por uma migração legal e ordenada.
Mais de 50.000 migrantes desembarcaram em Itália desde o início do ano, quase o dobro do número que chegou em 2020, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério do Interior italiano.