O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, pediu hoje o reforço da Ecomib, força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), no país, após ter denunciado uma tentativa de golpe de Estado.
"A Ecomib tem de ser reforçada. Não podemos constituir um fator de podridão para a sub-região", afirmou o primeiro-ministro guineense, em declarações à Lusa por telefone a partir do Senegal.
Aristides Gomes denunciou na segunda-feira à noite, numa publicação na sua página do Facebook, uma tentativa de golpe de Estado para tentar impedir a realização de eleições presidenciais.
Na publicação, o primeiro-ministro revela também que o autor daqueles atos "está devidamente identificado de forma inequívoca e chama-se Umaro Sissoco Embaló".
Umaro Sissoco Embaló, antigo primeiro-ministro guineense e dirigente do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), é candidato às eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro.
Questionado pela Lusa sobre a denúncia que fez na sua página no Facebook, o primeiro-ministro guineense disse que há um áudio e que é um dos elementos que pode "constituir uma prova".
"A pessoa indicada diz abertamente que devia haver um golpe de Estado e o objetivo devia ser parar com tudo isso", afirmou Aristides Gomes, salientando que no áudio é ainda pedido para serem criados distúrbios e uma situação para se constatar que não havia condições para a realização de eleições presidenciais.
A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais a 24 de novembro, estando a segunda volta, caso seja necessária, marcada para 29 de dezembro.
"A maior parte dos guineenses não quer isto. A rebelião não leva a nada. Há uma desilusão sobre essa via", salientou Aristides Gomes.
O primeiro-ministro disse que o país tem imensos problemas de desenvolvimentos, retrocessos, mas os problemas não podem ser resolvidos com o "uso da violência".
"A nossa sociedade não iria seguir essa onda. As pessoas querem tranquilidade, querem que a esperança seja concretizada", sublinhou.
Aristides Gomes destacou também o papel das forças de defesa e segurança pela demonstração de "fidelidade" e disse que as autoridades estão a fazer um dossiê para ser entregue aos serviços judiciais.
"Não há represálias. O que há é a reposição da ordem constitucional", disse.
As forças da Ecomib estão na Guiné-Bissau desde 2012 na sequência de um golpe de Estado militar e têm a missão de garantir a segurança e proteção aos titulares de órgãos de soberania guineenses. A Ecomib foi autorizada a 26 de abril de 2012 pela CEDEAO.
O objetivo da força de interposição é promover a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau com base no direito internacional, na carta das Nações Unidas, do tratado da CEDEAO e no protocolo sobre prevenção de conflitos daquela organização.