Em causa está o acordo com o governo italiano para a transferência de migrantes. O líder do governo da Albânia defendeu o acordo como "a coisa certa a fazer".
"Esta é uma questão relacionada com a nossa história e com a nossa relação com a Itália", começou por afirmar Edi Rama, num encontro com jornalistas portugueses em Tirana.
"Temos relações muito boas com muitos países, mas com a Itália é totalmente diferente. É especial. É muito próxima historicamente e é muito próxima atualmente", prosseguiu, salientando que "a Itália foi sempre a primeira" a ajudar a Albânia nas várias crises que o país sofreu nas últimas décadas: "A Itália esteve sempre cá para nos ajudar".
Além disso, sustentou, Itália acolhe uma importante diáspora albanesa e é admirada pelo povo albanês.
"E quando a Itália pede alguma coisa, o que não é muito frequente, temos de ser prestáveis", defendeu.
Edi Rama citou também a proximidade geográfica dos dois países como outra razão que entende justificar este acordo: "Estamos divididos, mas também unidos pelo mar que partilhamos com a Itália", disse, referindo-se ao Mar Adriático.
Questionado sobre a reação da opinião pública albanesa a este acordo, Edi Rama salientou que o povo albanês tem uma elevada capacidade de acolhimento, recorrendo a exemplos históricos para o ilustrar.
"Este é o único lugar na Europa que tinha mais judeus depois da guerra do que antes da guerra [II Guerra Mundial].
Itália abriu em outubro na Albânia dois centros "de triagem", para verificar se os migrantes intercetados no Mediterrâneo são autorizados a entrar em solo italiano ou devolvidos aos seus países de origem.
Ao abrigo de um acordo assinado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e pelo seu homólogo albanês, Edi Rama, até 3.000 migrantes recolhidos mensalmente pela guarda costeira italiana em águas internacionais serão abrigados na Albânia.
Este acordo, que tem uma duração de cinco anos, indica que os migrantes serão inicialmente examinados a bordo dos navios que os resgatam e depois enviados para a Albânia para triagem.
Os dois centros custarão à Itália 670 milhões de euros, a pagar até 2029, sendo que as instalações serão geridas por Roma e estarão sob jurisdição italiana, mas serão os guardas albaneses que vão garantir a segurança.
O primeiro centro, situado em Shengjin, a 66 quilómetros da capital da Albânia, Tirana, será utilizado para a triagem dos recém-chegados.
As unidades habitacionais, um pequeno hospital, um centro de detenção e escritórios no porto estão rodeados por uma vedação metálica com 5 metros de altura com arame farpado.
O outro centro, cerca de 22 quilómetros a leste, perto de um antigo aeroporto militar em Gjader, irá acomodar migrantes durante o processamento dos seus pedidos de asilo num campo com cerca de sete hectares.
+++ A Lusa viajou para Tirana a convite da Comissão Europeia +++