O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, sublinhou hoje a importância de "aproveitar eficazmente" os primeiros títulos de dívida do Estado emitidos a longo prazo pela China, para "apoiar a implementação das principais estratégias nacionais".
Numa videoconferência, Li sublinhou que a emissão destas obrigações especiais "é fundamental" para "promover a modernização da China", "promover um desenvolvimento de alta qualidade" e "assumir a liderança no domínio do desenvolvimento económico", de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua.
O primeiro-ministro apelou ao "redobrar de esforços para melhorar a gestão de projetos" e "ultrapassar obstáculos profundamente enraizados através de reformas e medidas inovadoras".
Li sublinhou a necessidade de utilizar "políticas convencionais e não convencionais", "reforçar a coordenação entre os instrumentos orçamentais e monetários" e "canalizar mais recursos financeiros para a economia real".
O primeiro-ministro referiu que são necessários "maiores esforços" para "orientar o capital privado para participar em grandes projetos" e "estimular a vitalidade do investimento privado".
O Ministério das Finanças da China anunciou na segunda-feira que vai emitir pela primeira vez obrigações do Tesouro a 20, 30 e 50 anos, numa altura em que as autoridades locais procuram atenuar o abrandamento da segunda maior economia do mundo.
Os primeiros lotes de obrigações a 20, 30 e 50 anos vão entrar no mercado a 24 de maio, 17 de maio e 14 de junho, respetivamente, informou.
Segundo fontes citadas pela agência Bloomberg, o país asiático vai emitir obrigações a 20 anos no valor de 300 mil milhões de yuan (38,5 mil milhões de euros), a 30 anos no valor de 600 mil milhões de yuan (77 mil milhões de euros) e a 50 anos no valor de 100 mil milhões de yuan (12,833 mil milhões de euros).
Durante a sessão anual do órgão legislativo da China, em março passado, o Governo previu, no relatório de trabalho, a emissão de obrigações de "ultra-longo prazo" como parte de um plano para "responder às necessidades financeiras de projetos importantes no processo de construção nacional".
As obrigações centrar-se-iam no "apoio à implementação da estratégia nacional e ao desenvolvimento das capacidades de segurança em áreas-chave", lê-se no relatório.
A fraca procura interna e externa, os riscos de deflação e os estímulos insuficientes, juntamente com uma persistente crise imobiliária e a falta de confiança no setor privado, são algumas das principais causas apontadas pelos analistas para explicar a situação da segunda maior economia do mundo.
Em dezembro passado, a agência de notação financeira Moody`s baixou a perspetiva do `rating` da China de "estável" para "negativo", devido aos altos níveis de endividamento da segunda maior economia do mundo.
"A alteração para perspetiva negativa reflete os indícios crescentes de que o Governo e o setor público vão prestar apoio financeiro aos governos regionais e às empresas públicas em dificuldades", afirmou a Moody`s, em comunicado.
Isto "gera riscos significativos (...) para a solidez orçamental da China", face ao abrandamento da economia do país e às dificuldades no setor imobiliário, acrescentou.
Durante muito tempo, o setor imobiliário representou um quarto do produto interno bruto (PIB) da China, assegurando a subsistência de milhares de empresas e de trabalhadores pouco qualificados.