Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

PM britânico quer colaborar com Dublin para resolver impasse na Irlanda do Norte

por Lusa

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak vai pedir na quinta-feira ao homólogo irlandês, Micheál Martin, uma colaboração mais estreita para tentar resolver problemas comuns como o impasse político na Irlanda do Norte. 

Os dois líderes vão participar no primeiro de dois dias da 38.ª cimeira do Conselho Anglo-Irlandês. Sunak será o primeiro chefe de Governo britânico a estar presente desde 2007. Antes, Sunak e Martin terão um encontro bilateral. 

"Enfrentamos enormes desafios, desde os ventos adversos para a economia mundial até à guerra na Europa. Por isso, sejamos pragmáticos. Vamos trabalhar em conjunto nos nossos interesses comuns", vai apelar o britânico num discurso do qual alguns excertos foram divulgados antecipadamente.

Sunak vai propor "construir um futuro definido não pela divisão, mas pela unidade e esperança".

A cimeira coincide com o anúncio hoje pelo ministro para a Irlanda do Norte, Chris Heaton-Harris, de prorrogar eleições regionais na província britânica para 2023. 

A constituição da Assembleia e do Executivo autónomos estão bloqueados pelo Partido Democrata Unionista (DUP), que exige a revogação do Protocolo da Irlanda do Norte negociado no processo do `Brexit` que deixa o território alinhado com as regras do mercado único europeu. 

Perante a ausência de representação dos poderes políticos da Irlanda do Norte na cimeira, Sunak vai salientar o papel do Conselho Anglo-Irlandês na procura de entendimentos.

"Todos nós queremos ver o poder partilhado restaurado o mais rapidamente possível. Estou determinado a cumpri-lo", vai dizer o primeiro-ministro britânico.

As relações entre a Irlanda, membro da União Europeia (UE), e o Reino Unido, que saiu do bloco em 2021, têm estado ensombradas pelas consequências do `Brexit` por causa do estatuto da Irlanda do Norte, que tem sido fonte de tensão entre Londres e os 27.

A fronteira entre a província britânica e a República da Irlanda é a única fronteira terrestre do Reino Unido com a UE, que deve permanecer aberta ao abrigo do acordo de paz de 1998, o qual também determina que o Executivo regional funcione num modelo de partilha de poder entre unionistas e republicanos. 

O Protocolo foi a solução encontrada no processo de saída do Reino Unido da UE para respeitar estas condições, mas na prática criou uma fronteira aduaneira e regulamentar com o resto do Reino Unido, o que os unionistas consideram inaceitável.

A ameaça do Governo britânico de reverter unilateralmente o protocolo da Irlanda do Norte, que foi negociado na altura do `Brexit`, enfureceu Bruxelas, que só aceita ajustamentos e ameaça com represálias comerciais.

Nos últimos dias, Bruxelas e Dublin mostraram otimismo sobre um acordo até ao final do ano para resolver esta questão, aproveitando a abertura de Rishi Sunak para uma resolução ordeira. 

"Penso que é exequível até ao final do ano", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, Simon Coveney, a jornalistas na terça-feira em Dublin, ecoando o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, que também tinha afirmado na segunda-feira que um acordo poderia ser alcançado nas próximas semanas se existir "vontade política".

Formado na sequência do acordo de paz, o Conselho Anglo-Irlandês é composto por representantes dos governos britânico, irlandês, escocês, galês, da Irlanda do Norte, da Ilha de Man, de Jersey e de Guernsey.

Rishi Sunak abrirá a cimeira, organizada pelo Governo britânico em Blackpool, no noroeste de Inglaterra, e participará num jantar com representantes.

O ministro para as Relações Intergovernamentais, Michael Gove, representará o Reino Unido na sessão plenária da cimeira na sexta-feira.

Tópicos
PUB