Piloto sírio pede asilo político à Jordânia

por Graça Andrade Ramos, RTP
Os aviões Mig-21 são de fabrico russo e foram vendidos em todo o mundo jets.hu

O ministro da Informação da Jordânia, Samih al-Maaytah, diz que o país concedeu asilo político ao piloto de um avião de caça sírio que ontem sobrevoou a fronteira entre os dois países e pousou o seu MiG-21 na base militar Rei Hussein. Damasco diz que o piloto é "um traidor" e quer o avião de volta.

É a primeira vez que um piloto sírio deserta das forças governamentais, apesar de, no exército, milhares de soldados terem abandonado nos últimos 14 meses as fileiras leais ao Presidente Bashar al-Assad, acabando por formar o Exército Síria Livre que apoia os rebeldes.

De início, a Jordânia disse que o piloto tinha feito uma aterragem de emergência na base aérea Rei Hussein da cidade de Mafraq, no norte da Jordânia e perto da fronteira com a Síria.

Esta tarde foi anunciada a deserção. "O conselho de ministros (jordano) decidiu conceder o asilo político ao piloto, o coronel Hassan Meri al-Hamadé, a seu pedido", declarou Samih al-Maayatah.
"Traidor"
Damasco já reagiu. O ministro sírio da Defesa classifica como "traidor" o piloto desertor e exigiu a devolução do aparelho.

"O piloto é considerado como um desertor e um traidor à nação e à sua honra militar. Será sancionado dentro das regras militares em vigor", afirmou o ministério sírio citado pela televisão oficial.

"Estamos em contacto com as autoridades jordanas para a devolução do avião", acrescentou o comunicado do ministério.

A Casa Branca saudou a deserção do piloto sírio para a Jordânia a bordo do seu avião, considerando que não será o último a abandonar o regime de Bashar al-Assad.

"Inúmeros sírios, entre eles membros das forças armadas, rejeitam os atos horríveis cometidos pelo regime de Assad e este não será certamente o último", considerou o porta-voz o Conselho Nacional de segurança, Tommy Vietor.
Família da oposição
A televisão tinha anteriormente identificado o piloto como sendo o coronel Hassan Merhi al-Hamadé, afirmando que as autoridades aéreas tinham "perdido o contacto" com o MiG-21.

O piloto é originário da província de Deir Ezzor, no leste da Síria e pertence a uma família conhecida pela sua oposição ao regime, afirmou George Sabra, porta-voz do Conselho Nacional Sírio, que agrupa parte da oposição.

Segundo Sabra, o piloto, para escapar aos radares, "descolou o avião a toda a velocidade de um aeroporto militar entre Deraa e Soueida, no sul do país e voou depois a baixa altitude".
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