"Pilhagens recomeçaram". Bruxelas insta Israel a que levante bloqueio a Gaza
Num comunicado conjunto sobre a crise humanitária em Gaza, vários representantes europeus pediram esta quarta-feira a Israel que retire urgentemente o bloqueio à ajuda a esse território ocupado, especialmente numa altura em que "as pilhagens aos armazéns recomeçaram".
As agências da ONU têm vindo a informar que as reservas alimentares estão esgotadas e que a maioria das famílias não dispõe de água potável. Além disso, “as pilhagens aos armazéns recomeçaram”, sublinham os três responsáveis europeus.
Vários funcionários de ajuda humanitária e testemunhas locais têm reportado situações em que homens armados atacam armazéns com bens essenciais. Há também relatos de tiroteios devido a reservas de alimentos e de uma vaga de roubos de carregadores solares, pilhas, telefones e panelas.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados (UNRWA) viu-se obrigada a retirar o seu pessoal esta quarta-feira, depois de milhares de palestinianos terem invadido o seu escritório na Cidade de Gaza e levado medicamentos.
“Os funcionários de ajuda humanitária continuam a alertar para o facto de a fome estar a alastrar e a agravar-se no enclave”, relembram Kallas, Suica e Lahbib no seu comunicado. “A UE reitera o seu apelo urgente a Israel para que levante imediatamente o bloqueio a Gaza”.
A Comissão Europeia alerta ainda que toneladas de ajuda, que representam o abastecimento para três meses de uma população de 2,2 milhões de pessoas, estão à espera na fronteira. “Assim que o bloqueio for levantado, a situação nutricional poderá melhorar muito rapidamente”, explicam, num novo apelo a Telavive. Segundo Bruxelas, Israel é obrigado, ao abrigo do direito internacional, a garantir que a ajuda humanitária chega à população necessitada.
“A UE está igualmente preocupada com o novo ‘mecanismo de distribuição de ajuda a Gaza’, alegadamente aprovado pelo gabinete de segurança israelita a 4 de maio, que é contrário aos princípios humanitários”. Esse mecanismo “transferiria a responsabilidade pela distribuição da ajuda para atores internacionais não humanitários e elementos de segurança privados”.
“A nossa mensagem é clara: a ajuda humanitária nunca deve ser politizada ou militarizada. A utilização da ajuda como instrumento de guerra é proibida pelo Direito Internacional Humanitário. A ajuda deve chegar aos civis necessitados”, vincam os responsáveis europeus.
No mesmo comunicado, a União Europeia aproveita para reiterar o seu apelo ao retomar do cessar-fogo e à libertação imediata e incondicional dos reféns, levando a um fim definitivo das hostilidades.
“A UE reitera o seu apoio inabalável ao povo palestiniano. Desde 2023, mais de 3.800 toneladas de ajuda foram entregues através dos voos da ponte aérea da UE e mais de 450 milhões de euros de ajuda humanitária foram atribuídos a Gaza”, acrescenta a nota.