Pfizer, Moderna e AstraZeneca: que diferenças há entre as três vacinas contra a Covid-19?
Em pouco mais de dez meses, investigadores de todo o mundo conseguiram desenvolver potenciais vacinas contra a Covid-19. Há mais de uma dezena de projetos na última fase dos ensaios clínicos e três vacinas experimentais que já provaram alguma eficácia e esperam agora aprovação. Cada uma foi criada por tecnologias diferentes, mas também se distinguem pelo preço, eficácia, armazenamento e até pela sua efetividade.
A Rússia anunciou hoje que sua vacina Sputnik V contra a covid-19, desenvolvida pelo Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya em Moscovo, tem uma eficácia de 95%, segundo resultados preliminares. Os resultados foram obtidos em voluntários, 42 dias após a injeção da primeira dose. Anuncia-se como a mais barata.
Esses resultados parecem, por enquanto, menos convincentes que os dos seus concorrentes da Pfizer/BioNTech ou Moderna, cuja eficácia ultrapassa os 90 por cento, mas a fórmula britânica tem a vantagem de usar uma tecnologia mais tradicional, tornando a sua futura vacina menos cara e mais fácil de armazenar.
A universidade de Oxford e a AstraZeneca anunciaram na segunda-feira uma eficácia de até 90 por cento, com base nas análise de 2.700 pessoas que primeiro receberam meia dose e, passado um mês foram inoculadas com uma dose completa. Mas os resultados revelaram que quando administradas duas doses completas, a eficácia, paradoxalmente, é de apenas 62 por cento.
A vacina experimental da Pfizer e da BioNTech foi a primeira a apresentar resultados a nível de eficácia - chegando aos 95 por cento -, graças a um estudo com cerca de 44 mil participantes e 170 infetados entre estes (apenas oito dessas pessoas infetadas receberam duas doses da vacina real). Os ensaios clínicos prvaram que a eficácia de 95 por cento é constante em diferentes grupos de etários e em todos os géneros.
Quanto à vacina norte-americana da Moderna e do National Institute of Health, foi anunciado que tinha uma eficácia de 94,5 por cento, de acordo com uma análise inicial de um ensaio com 30 mil pessoas nos Estados Unidos, embora os resultados ainda sejam preliminares.
E as diferenças de preço entre as três vacinas são grandes.
O projeto desenvolvido pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca custará cerca de três euros por dose. Já a da multinacional norte-americana Pfizer e a empresa alemã de biotecnologia BioNTech pode ultrapassar os 15 euros por dose, ou seja, cinco vezes mais.
Quanto à vacina da norte-americana Moderna e o National Institutes of Health dos Estados Unidos, o preço pode ser sete vezes superior à da AstraZeneca, chegando aos 21 euros por dose. A questão é que está previsto que cada pessoa seja inoculada com duas doses, o que aumenta os custos da vacinação de cada pessoa para o dobro.
A novidade da vacina da AstraZeneca é que, segundo os investigadores, se conserva no frigorífico em temperaturas entre os dois e os oito graus durante um período de seis meses, podendo ser mais fácil de trasportar, distribuir e conservar em qualquer parte do mundo.
Embora a da Pfizer necessite de estar em temperaturas muito baixas e por isso se torne menos acessível ou logisticamente fácil de usar, a farmacêutica pretende recorrer a recipientes concebidos com gelo seco para garantir que a vacina se conserva cerca de 15 dias.
Mas há ainda mais um critério que distingue estas três primeiras vacinas: a capacidade de produção.
A Pfizer e a BioNTech garantiram uma produção de 50 milhões de doses até ao final do ano e 1,3 mil milhões para 2021. Por sua vez a Moderna definiu o avanço para este ano de 20 milhões de doses e entre 500 a mil milhões até 2021.
E a AstraZeneca e a Univerisdade de Oxford garantem estar a progredir rapidamente na produção, com uma capacidade de até três mil milhões de doses da vacina em 2021, numa base contínua, enquanto aguarda a aprovação regulamentar.