Pfizer com problemas em fornecer rapidamente vacinas adicionais aos EUA

por Cristina Sambado - RTP
Brian Snyder - Reuters

As restrições de fornecimento estão a complicar as esperanças da Administração Trump de fechar um acordo com a Pfizer para a compra de mais 100 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. O último obstáculo para aumentar a produção de vacinas numa altura em que o SARS-CoV-2 se dissemina rapidamente.

Membros da Administração norte-americana e da Pfizer confirmaram à CNN que estão em negociações para que os Estados Unidos comprem doses adicionais para distribuição entre abril e junho de 2021.

Mas as negociações estão complicadas, com os Estados Unidos a exigirem a entrega das doses adicionais o mais rapidamente possível, enquanto a farmacêutica concilia com a procura a nível mundial.

O secretário de Saúde e Serviços dos Estados Unidos, Alex Azar, afirma que um dos fatores que está a complicar as negociações é o facto de a Pfizer estar a enfrentar problemas na cadeia de suprimentos que tornarão mais desafiante para a empresa a produção de 100 milhões de doses a mais na primavera.

O Governo norte-americano está tentar ajudar a Pfizer com esse problema de produção de forma a obter as doses adicionais.
“Estamos envolvidos em discussões ativas com a Pfizer sobre o exercício de opções de acordo com o nosso contrato”, disse Azar quarta-feira durante uma conferência de imprensa da Operation Warp Speed.
Temos trabalhado com a Pfizer sobre qual a assistência necessária para nos fornecer as doses adicionais”, acrescentou.

Em declarações à CNBC na terça-feira, Azar frisou que “as opções disponíveis incluem o uso da Lei de Produção de Defesa para acelerar a produção de algumas das matérias-primas que a Pfizer necessita para desenvolver a vacina”.

Eles são reservados sobre as suas capacidades de produção e as suas necessidades. Portanto, não sabemos se têm um problema de matéria-prima até que nos digam”, acrescentou à CNBC.

“E, nesse ponto, posso garantir que, como o Presidente fez, usaremos todos os poderes para garantir que a Pfizer tenha o que necessita para cumprir os contratos de que necessitamos para o povo dos Estados Unidos”, realçou.

Azar sugeriu, na quarta-feira, que a Pfizer – que não recebeu financiamento da Operation Warp Speed para o desenvolvimento da vacina – não foi tão aberta sobre o processo de produção como as outras empresas que receberam verbas da Administração norte-americana, como a Moderna, a Johnson & Johnson e a AstraZeneca.

“Com as outras farmacêuticas estamos intimamente envolvidos no apoio ao desenvolvimento e produção das vacinas, enquanto a relação que a Pfizer queria da Operacion Warp Speed era a compra garantida da vacina se fosse aprovada pela FDS, e isso significa que até ao momento, tivemos menos visibilidade dos seus processos de produção”, esclarecem Azar.
Governo dos EUA pede 100 milhões de doses
O CEO da Pfizer, Albert Bourla, afirmou segunda-feira à CNBC que “seria muito positivo” se os Estados Unidos decidissem usar a Lei de Produção de Defesa para ajudar a farmacêutica a produzir mais vacinas rapidamente.

Isso permite-nos maximizar o que podemos fazer”, afirmou Bourla. “Estamos a pedir-lhes e espero que o façam muito rapidamente, porque alguns componentes estão a operar com limitações críticas de fornecimento”.

Na segunda-feira, numa entrevista à CNN, Bourla confirmou que as negociações entre o Governo federal e a Pfizer.

O Governo dos Estados Unidos está a pedir mais. Pediram agora 100 milhões de doses de vacinas”, afirmou.

Segundo o CEO da Pfizer, “podemos fornecer 100 milhões de doses no terceiro trimestre. Mas, o Governo dos Estados Unidos quer no segundo trimestre, estamos a trabalhar para garantir que se encontre uma maneira de produzir mais ou alocar as doses no segundo trimestre”.

Relação diferente

Já o consultor científico da Operation Warp Speed, Moncef Slaoui, afirma que algumas das farmacêuticas candidatas à produção da vacina mantém uma relação com o Governo mais “à distância” enquanto outras têm estado “mais envolvidas”.

Trump enfrentou várias críticas depois do jornal New York Times ter avançado que a Administração norte-americana não tinha conseguido garantir as 100 milhões de doses adicionais quando a Pfizer ofereceu essa possibilidade no verão. Uma recusa negada pelo Governo.


Frustrado com as críticas, Slaoui defendeu os planos do Governo para comprar doses das seis empresas com vacinas candidatas.

Acho que qualquer pessoa razoável entenderia que construímos um portfólio de vacinas e as levamos para o desenvolvimento a fim de garantir que uma delas realmente chegue ao fim da corrida (…) se mais do que uma chegar ao fim da corrida podemos acumular e acumular doses de vacinas do que se dependêssemos de um único produtor”, afirmou Slaoui.
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