Um relatório preliminar apresentado à ONU pelos Emiratos Árabes Unidos, a Arábia Saudita e a Noruega desautoriza, para já, as acusações lançadas pelos EUA e pelos Emiratos contra o Irão. Aguardam-se os próximos desenvolvimentos.
O relatório, apresentado à porta fechada aos membros do Conselho de Segurança da ONU, refere um Estado não identificado como estando por trás dos atentados contra os quatro navios, dois deles com pavilhão saudita, um norueguês e outro dos Emiratos, ocorridos ao largo do porto emiratí de Fujairah. A apresentação foi feita por representantes da Arábia Saudita, da Noruega e dos Emiratos.
Considera-se também que os atentados pressupunham um trabalho de inteligência altamente sofisticado, quer para identificar os alvos, quer para conhecer exactamente a sua configuração. As minas estavam, além disso, perfeitamente programadas para explodirem com intervalos de uma hora entre si.
Segundo o documento, o grau elevado de sofisticação existente no ataque contra os petroleiros implica um profissionalismo com provável patrocínio de algum Estado. Mas nada é dito sobre qual o Estado que poderia ter tido alguma intervenção no caso.
O prudente silêncio dos relatores poderá indicar que os Emiratos Árabes Unidos ainda esteja a recolher informações de vários serviços de inteligência, que possam implicar o Irão, directamente ou por interposta pessoa de algumas organizações suas aliadas, como o Hezbollah libanês ou os rebeldes hutis iemenitas.
Os Emiratos têm sustentado as suas suspeitas de uma autoria iraniana dos atentados com o argumento de que o Irão seria o principal interessado em mostrar, desse modo, a sua capacidade para bloquear o Estreito de Ormuz. Segundo o diário britânico The Guardian,também o embaixador saudita na ONU, Abdallah al-Mouallimi, declarou depois da apresentação do relatório: "Acreditamos que a responsabilidade por este ataque recai sobre o Irão".
O vice-embaixador russo junto da ONU, Vladimir Safronkov, afirmou, pelo contrário: "Não devemos precipitar-nos a tirar conclusões. Esta investigação vai continuar".
O Irão, por seu lado, limitou-se a comentar que os Emiratos estão decididos a culpá-lo pelos atentados, para provocarem uma escalada na região e empurrarem os Estados Unidos para uma guerra contra o Irão. Entretanto, a diplomacia iraniana também fez hoje saber que recusava as tentativas do presidente francês, Emmanuel Macron, para levá-la a aceitar um alargamento do acordo nuclear, no sentido de limitar também as suas capacidades balísticas.