Peronismo regressa. Alberto Fernández eleito Presidente da Argentina

por Cristina Sambado - RTP
Enrique Garcia Medina - EPA

Alberto Fernández, advogado de 60 anos que foi eleito o novo Presidente da Argentina, já apelou à união em tempos difíceis. Mauricio Macri reconheceu a derrota nas eleições que marcam o regresso do peronismo ao poder, quatro anos depois.

No discurso de vitória, perante milhares de apoiantes em Buenos Aires, Alberto Fernández encorajou a população a unir-se para enfrentar os próximos tempos que, alertou, “não serão fáceis”, numa referência à grave crise económica que o país atravessa.

Com 95,88 por cento dos votos contados, Fernández e Cristina Kirchner obtinham 48,01 por cento, à frente do atual Chefe de Estado, com 40,45.

O Presidente eleito comprometeu-se a cumprir todas as propostas que lançou durante a campanha, nomeadamente a reativação da economia e a criação de emprego, que considerou fundamentais para o país.

De agora em diante, tudo o que temos de fazer é cumprir as nossas promessas, que os argentinos saibam que cada palavra que proferimos e cada compromisso que assumimos foi um compromisso moral e ético que devemos cumprir”, acrescentou.

“Vamos criar a Argentina que merecemos, porque não é verdade que estejamos condenados a esta Argentina! Vamos entrar no mundo com dignidade! Vamos voltar a construir o país que os nossos antepassados sonharam, assim como os nossos melhores heróis, os nossos melhores homens e mulheres. Vamos fazer isso, pois merecemo-lo!”, sublinhou.
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De resto, as palavras de Fernández, cuja vice-presidente é a antiga Chefe de Estado argentina Cristina Kirchner, pediram consenso e unidade da população.

O líder peronista da Frente de Todos reúne-se já esta segunda-feira com o Presidente Mauricio Macri, para discutir a transição política até 10 de dezembro, dia em que Fernandéz tomará posse.

“Sabem que até 10 de dezembro o Presidente é Macri. Iremos colaborar em tudo o que pudermos colaborar porque a única coisa que nos preocupa é que os argentinos deixem de sofrer de uma vez por todas”, frisou.

Fernández recodou ainda o antigo Presidente Nestor Kirchner (2003-2007), no mesmo dia em que se assinalaram os nove anos da morte.

"Não seria justo para mim não o reconhecer hoje [domingo] pelo que fez por nós e pela enorme possibilidade que me deu”, disse o ex-chefe de gabinete, cargo equivalente a primeiro-ministro, durante o mandato de Nestor Kirchner.
Macri reconhece a derrota
O atual Presidente da Argentina reconheceu a derrota nas eleições e pede uma transição pacífica.

“Precisamos de uma transição pacífica que nos traga paz a todos os argentinos, porque o mais importante é o bem-estar de todos os argentinos”, afirmou Macri aos seus apoiantes no bairro de Palermo, em Buenos Aires.
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Há quatro anos, Cristina Fernández de Kirchner recusou-se a entregar os símbolos presidenciais a Macri. Desta vez, Fernandéz e Macri prometem deixar de lado as rivalidades e garantir uma transição de poder pacífica.

Macri entrega o país ao seu sucessor numa situação económica mais grave em relação há que herdou há quatro anos
- 35,4 por cento da população encontra-se abaixo da linha de pobreza, a inflação anual é de 53 por cento e o desemprego está nos 10,6 por cento, o maior valor dos últimos 13 anos.

Na Argentina ganha-se a primeira volta com apenas 45 por cento dos votos, ou mesmo com 40 por cento, desde que exista uma diferença de dez pontos com o segundo classificado.
Quem é Cristina Kirchner?
Cristina Elisabet Fernández de Kirchner nasceu em 1953, em La Plata, e foi a primeira mulher a ser eleita Presidente da Argentina.

A nova vice-presidente da Argentina foi casada com Nestor Kirchner, ex-Chefe de Estado, que faleceu há exatamente nove anos, e que, em 2003, conseguiu tirar o país da do marasmo em que tinha caído depois do colapso económico de 2001 e 2002.

Em 2007, Nestor Kirchner afasta-se do poder e apoia a mulher na sua corrida presidencial. Morreu em 2010, vítima de ataque cardíaco.

Cristina Kirchner, que governou o país durante dois mandatos (entre 2007 e 2015), nos últimos quatro anos acumulou 13 processos - a maioria por corrupção – e sete ordens de prisão preventiva, que não se tornaram de prisão efetiva porque o Senado, de maioria peronista, negou essa possibilidade.

Aos 66 anos regressa ao poder, com a incógnita de se será ela ou Fernández a marcar a linha do Governo.

c/ agências
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