Pentágono "ainda a avaliar" alegado ataque químico na Síria

por RTP
Donadl Trump e o secretário da Defesa, Jim Mattis, na Casa Branca dia 3 de abril de 2018 Kevin Lamarque - Reuters

O secretário da Defesa da Administração Trump deitou esta quarta-feira água na fervura provocada pelos tweets do seu Presidente. Jim Mattis garantiu que o Pentágono "ainda está a avaliar" o alegado ataque com gases tóxicos ocorrido este fim de semana em Douma.

Mattis recusou ainda comentar se as informações já disponíveis provam sem sombra de dúvida que o ataque foi lançado pelas forças sírias do Presidente Bashar al-Assad, como acusam vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos. A Rússia já fez saber que está atenta a movimentações militares norte-americanas na região.

"Estamos ainda a avaliar as informações - as nossas e as dos nossos aliados. Estamos ainda a trabalhar sobre isto", referiu, sem dar mais detalhes.

Mattis sublinhou, contudo, que as Forças Armadas norte-americanas estão prontas a providenciar várias opções relativamente a ataques militares retaliatórios, tal como seja determinado o Presidente Donald Trump. 

Através da rede social Twitter, Trump pediu à Rússia que "se prepare" porque os mísseis "estão a chegar, belos, novos e inteligentes".
Moscovo desdenha twitto-diplomacia
Através do seu porta-voz Dmitiri Peskov, o Kremlin respondeu que "não participa na twitto-diplomacia" e afirmou ser favorável a "abordagens sérias". 

A agência de notícias russa Interfax revelou entretanto que Moscovo está em contacto direto com o Chefe do Estado-Maior norte-americano sobre a situação na Síria. A informação foi dada pelo líder do comité de defesa da câmara baixa do Parlamento russo, Vladimir Shamanov.Para segunda-feira, 16 de abril, está marcada uma reunião de emergência dos membros da Organização para a proibição de Armas Químicas, para debater o "alegado uso" deste armamento na Síria.

França e Reino Unido já assumiram disponibilidade para participar no ataque a alvos governamentais sírios, afirmando que Damasco passou a "linha vermelha". 

"Vamos trabalhar com os nossos aliados mais próximos sobre a forma de garantir que os responsáveis prestem contas", afirmou May, denunciando o "ataque bárbaro" em Douma.

O líder da oposição trabalhista britânica veio entretanto refrear as garantias deixadas pela primeira-ministra britânica. Jeremy Corbyn afirma que o "Parlamento deve sempre ter uma palavra a dizer em caso de ação militar". 

"A situação é obviamente muito séria, obviamente tem de existir, agora, um pedido para um processo político para por fim à guerra na Síria. Não podemos arriscar uma escalada ainda maior do que que já se verifica", disse Corbyn à BBC.
Síria prepara-se
Sobre o nível de tensão crescente que se vive desde o fim-de-semana, Peskov foi cautelosamente otimista nas respostas às agências de comunicação.

"Estimamos sempre que é importante não conduzir ações que podem causar danos a uma situação já de si frágil", disse.

"Estamos convencidos que a utilização de armas químicas em Douma foi inventada, e não pode ser utilizada como pretexto para recorrer à força", alertou.

A Rússia defende a realização de uma “investigação objetiva e imparcial antes que se realizem julgamentos”, disse ainda Peskov. 

As autoridades russas prometeram também que uma eventual ação “terá graves consequências”.
 
Como medida preventiva, a Síria iniciou a evacuação dos seus portos e aeroportos.

No ataque com armas químicas em Douma, terão sido afetadas pelo menos 500 pessoas, incluindo mulheres e crianças.

Damasco e o seu principal aliado, a Rússia, negam o ataque e afirmam que as acusações são apenas um pretexto para os EUA e seus aliados lançarem acções militares contra a Síria.

Ações que, referem, podem ter em vista a destruição de eventuais vestígios do incidente - que acreditam ter sido encenado pelo grupo Capacetes Brancos.

Moscovo anunciou que as suas tropas irão entrar em Douma nas próximas horas, para "manter a lei e a ordem". Os EUA receiam que, dessa forma, sejam os russos a destruir provas do ataque.

Depois do impasse que paralisou o Conselho de Segurança da ONU relativamente ao ocorrido, Donald Trump resolveu tomar a dianteira e deixar ameaças de retaliação iminente.
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