Pelo menos 14 mortos em dois dias, mais de metade em Nampula

por Lusa

Pelo menos 14 pessoas morreram nos dois primeiros dias de novas manifestações pós-eleitorais em Moçambique, que começaram na quarta-feira, sendo mais de metade em Nampula, no norte, segundo atualização feita hoje pela ONG Plataforma Eleitoral Decide.

De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, a província de Nampula contabiliza oito mortos nas manifestações de 04 e 05 de dezembro, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, e duas em Cabo Delgado, além de Sofala, Gaza, Inhambane e Maputo.

No mesmo relatório contabilizam-se 53 pessoas baleadas em dois dias, sendo 21 em Nampula e igual número em Cabo Delgado, mas também 47 detidos, 21 dos quais em Gaza e 16 em Maputo.

Antes desta atualização já tinham sido contabilizados 88 mortos e 274 pessoas baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro.

De acordo com o relatório divulgado pela Plataforma Eleitoral Decide, envolvendo outras organizações não-governamentais (ONG) como o Centro de Integridade Pública (CIP), o Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Amnistia Internacional, com dados até 04 de dezembro, havia ainda registo 3.450 detidos neste período.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 04 a 11 de dezembro, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00 (menos duas horas em Lisboa).

"Todos os bairros em atividade forte", disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, numa intervenção através da conta oficial na rede social Facebook.

Tal como aconteceu na fase anterior de contestação, de 27 a 29 de novembro, o candidato presidencial pediu que as viaturas parem de circular das 08:00 às 15:30 (menos duas horas em Lisboa), seguindo-se então 30 minutos para se entoar os hinos de Moçambique e de África nas ruas, o que se verificou nos últimos três dias em várias artérias centrais, nomeadamente, de Maputo.

"Vamo-nos manifestar de forma ininterrupta, sem descanso. Vão ser sete dias cheios (...). Todas as viaturas, tudo o que se move, fica parado", insistiu, pedindo aos automobilistas para colarem cartazes de contestação nas viaturas que circulem até às 08:00 e depois das 16:00.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.

Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

 

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