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Pedidos de asilo. Departamento de Estatísticas do Reino Unido repreende Sunak

por Cristina Sambado - RTP
O primeiro-ministro do Reino Unido apresentou a 7 de março uma nova legislação sobre as travessias no Canal da Mancha Leon Neal - Reuters

O Departamento de Estatística do Reino Unido repreendeu o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak e o ministro da Emigração por terem revelado números incorretos sobre os pedidos de asilo. Os números aumentaram e não diminuíram, ao contrário do que foi afirmado pelos dois governantes.

Em dezembro na Câmara dos Comuns, Rishi Sunak alegou que metade do atraso em matéria de asilo – 132 mil na altura – tinha sido deixada pelo executivo trabalhista que cessou funções em 2010. O que implicava que o atraso em 2010 era de cerca de 260 mil.

No mesmo mês, o ministro da Imigração Robert Jenrick e a secretária Parlamentar Sarah Dines, afirmaram aos deputados que 450 mil a 500 mil casos eram antigos e tinham sido deixados pelo governo de David Cameron em 2010.

No entanto, o Departamento de Estatística considerou que as declarações “não refletem os números demonstrados pelo Ministério do Interior”.


Robert Chote, o responsável pelo Departamento de Estatísticas, revelou que o número de pedidos de asilo em atraso em 2010 foi de 19 mil, o que significa que o número de pedidos pendentes tinha de facto aumentado quase nove vezes para 166 mil.

Chote respondeu ao ministro sombra da Imigração Stephen Kinnock, que apelou aos três governantes para corrigirem o registo.

Segundo Robert Chote, o ministro da Imigração e a secretária parlamentar estariam a referir-se a números do anterior responsável pela Agência de Fronteiras do Reino Unido, que incluíam um grande número de duplicações, erros ou pedidos transferidos para um “arquivo controlado”, que continham candidatos a asilo que não podiam ser localizados, ou que se tinham tornado cidadãos da União Europeia através de outro país.

“Dados os problemas de qualidade dos dados nessa altura, não seria razoável sugerir que esta informação de gestão da Agência de Fronteiras do Reino Unido representava exatamente meio milhão de pedidos de asilo genuínos e indecisos na altura em atraso", afirmou Robert Chote.

O responsável revelou ainda que tinha contactado Sunak, Jenrick e Dines para lhes chamar à atenção para os erros nos números e "partilhar as expectativas da Autoridade de Estatística do Reino Unido quanto à utilização de estatísticas e dados oficiais no debate público".

Numa missiva publicada online para Sunak, Kinnock, o deputado trabalhista de Aberavon, afirmou que se os registos não fossem corrigidos está em causa uma violação do direito ministerial.

"Exorto-o vivamente a dar o exemplo e a corrigir o uso erróneo dos números dessa declaração na sua primeira oportunidade e a apelar ao ministro da Imigração e à secretária Parlamentar para que façam o mesmo”, lê-se na carta.

Numa declaração ao jornal Times, Downing Street afirmou: “Estamos a tomar medidas imediatas para reduzir o atraso em matéria de asilo. Estabelecemos novos planos para eliminar o atraso na decisão inicial de casos herdados até ao final do próximo ano".

“Também duplicámos o número de requerentes de asilo para mais de mil e voltaremos a duplicá-lo enquanto lançamos um projeto-piloto bem-sucedido a nível nacional para aumentar o número de pedidos processados", acrescentou.
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