Paz juntou Presidente e primeiro-ministro de Cabo Verde num abraço em palco

por Lusa

Um abraço espontâneo, em palco, entre o Presidente da República e o primeiro-ministro de Cabo Verde, marcou o Festival da Paz, que terminou no sábado à noite, no Tarrafal, ilha de Santiago, momento que hoje circula na Internet.

"O festival superou as expetativas e, no fim, até o Presidente da República e o primeiro-ministro trocaram um abraço de paz. Foi, sim, [um momento importante]", referiu hoje Arnaldo Andradre, vereador do município do Tarrafal, co-organizador do festival, num balanço feito à Lusa.

"Não estava previsto, foi uma coisa que surgiu espontaneamente no palco", em linha com "aquilo que estavam a ser as declarações dos artistas" nos espetáculos, desde quinta-feira, "corroboradas pelo público, de que a paz é um bem precioso", acrescentou.

O abraço entre o chefe de Estado, José Maria Neves, e o líder do Governo, Ulisses Correia e Silva, surgiu, apesar de haver divergências partidárias e políticas entre ambos, que este mês culminaram num veto do Presidente à lei da carreira dos professores.

Diferenças que, no entanto, nunca puseram em causa o ambiente de paz pelo qual o país é conhecido, disseram ambos em palco, em crioulo, depois de terem sido convidados a subir pelo mentor do festival, Mário Lúcio, músico e escritor, natural do Tarrafal, antigo ministro da Cultura.

"Que não haja confusão: nunca estivemos sem paz", referiu Ulisses Correia e Silva, ao lado de José Maria Neves, que, por sua vez, sublinhou a ideia: "Apesar das nossas diferenças, é isto que faz de Cabo Verde grande: sempre estivemos com a paz".

O momento tem sido partilhado na Internet, num arquipélago com perfil estável e pacífico, numa sub-região (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), continente e contexto global pontuados por conflitos.

"Esta ideia da paz como bem supremo acabou por arrastar toda a gente", referiu Arnaldo Andrade, acerca do festival que teve este ano a primeira edição, com o intuito de centrar atenções, a partir de Cabo Verde, para um tema importante para todo o planeta.

A ideia dos participantes "foi muito no sentido de fazer do Tarrafal um sítio de encontro espiritual em relação à paz", disse.

O município "já é um sítio de memória, de sofrimento e de resistência", numa alusão ao campo de concentração que ali encarcerou presos políticos da ditadura portuguesa: "isso já é assumido por toda a gente".

"Faltava esta ideia de ser também um sítio de comunhão pela paz e isso ficou vincado nesta primeira edição", acrescentou.

O município aliou-se à proposta de Mário Lúcio, natural do Tarrafal, para realização do festival, que contou inclusive com apoios de parceiros internacionais, como a União Europeia (UE) e as Nações Unidas.

"Toda a gente recebeu e alimentou os artistas, tudo praticamente feito sem gastar e a maior parte dos artistas a participar `pro bono`. Toda a gente se juntou para tornar isto possível o que mostrou que a paz é algo que consegue unir as pessoas", concluiu.

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