Paulo Rangel confia que Rússia não irá usar armas nucleares

por Graça Andrade Ramos - RTP
Caitlin Ochs - Reuters

O ministro dos Negócios Estrangeiros assumiu na última noite, em entrevista à RTP3, ter ficado preocupado com a alteração do protocolo nuclear russo, decidida pelo presidente Vladimir Putin esta semana.

Paulo Rangel acredita contudo que a Rússia não irá transformar a guerra com a Ucrânia num conflito nuclear. 

"Estamos com alguma confiança de que esse passo não será dado", afirmou.

"O conflito está numa altura de grande tensão, há mudanças geopolíticas ", reconheceu o diplomata, "mas julgamos que o risco nuclear estará excluído, porque a própria Federação Russa terá noção de que, isso seria um passo de tal maneira grave que criaria um conflito de outro tipo".

"Nós estamos sempre a apelar à contenção e ao respeito pelo direito internacional", referiu, lembrando que essa mesma mensagem foi deixada na Cimeira do G20, no início da semana, e mesmo reconhecendo a existência de "um fator que nos preocupa", especificamente o desrespeito do direito internacional por parte da Rússia ao invadir a Ucrânia, a par da posse de armas nucleares.
A decisão russa de  modificar os seus protoclos nucleares ficou a dever-se à autorização, dada a Kiev por parte de Washington, para o uso de mísseis de longo alcance norte-americanos contra alvos russos.

Kiev apressou-se a fazer uso dessa autorização.
Encerramento da embaixada explicado
O agravamento da tensão levou diversos países ocidentais a decidir pelo encerramento das suas embaixadas em Kiev esta quarta-feira, incluindo Portugal.

Paulo Rangel já tinha desvalorizado a questão durante a tarde, assumindo que os serviços da embaixada já foram fechados "mais de 200 vezes", "nestes mil dias" desde a invasão russa.

"Amanhã a embaixada pode estar aberta ou só segunda-feira", afirmou. "Admito a reabertura com serviços mínimos", acrescentou, com "um diplomata e um funcionário".

É algo que será ponderado dia a dia. "É uma avaliação permanente", caso surja por exemplo um alerta, o funcionamento altera-se. "A decisão é sempre avaliada no momento" explicou.

"Num país em guerra este é o quotidiano de uma embaixada", referiu ainda Rangel. "Até existe já um protocolo" para decidir que tipo de funcionamento será efetuado.

Portugal tem 10 pessoas na embaixada, incluindo dois diplomatas lusos. Vivem com "dois kits de emergência ao seu lado" e "muitas vezes dormem em bunkers e não nas suas residências", explicou. 

Os constantes alertas afetam o funcionamento da embaixada, acrescentou Rangel, considerando que a palavra "encerramento" é "enganosa" porque implica o regresso do pessoal diplomático a Portugal, algo que não vai suceder.
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