Passagem de testemunho. Costa defende UE autónoma em defesa e segurança

por RTP
António Costa recebe a campainha das mãos de Charles Michel Olivier Hoslet - EPA

Ao receber o testemunho de Charles Michel em Bruxelas, o presidente eleito do Conselho Europeu quis propugnar, esta sexta-feira, que a paz na Ucrânia "não pode ser a dos cemitérios". António Costa exortou a um esforço para tornar a União Europeia autónoma nos domínios da defesa e da segurança.

"A paz não pode ser a paz dos cemitérios, a paz não pode ser capitulação. A paz não pode recompensar o agressor, a paz na Ucrânia tem de ser justa", clamou o ex-primeiro-ministro portuguÊs, ao intervir na cerimónia de passagem do testemunho do até agora presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel.
Num discurso também ouvido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, António Costa deixou mesmo um aviso: embora a guerra se desenrole em solo ucraniano, "estão em causa princípios universais consagrados na Carta das Nações Unidas".António Costa inicia funções, no próximo domingo, para um mandato de dois anos e meio.

Enfatizando que importa "escrever um novo capítulo da União Europeia enquanto projeto de paz", o presidente eleito do Conselho Europeu enunciou: "Tornando-nos mais fortes, mais eficientes, mais resilientes e, sim, mais autónomos em matéria de segurança e defesa. Assumindo um ónus maior no que toca à nossa preparação militar. Reforçando simultaneamente os pilares da nossa parceria transatlântica".
Alargamento, "urgência geopolítica" sem "prazos artificiais"
Na sua intervenção, Costa falou ainda da "urgência geopolítica" de levar por diante o alargamento da União Europeia, ainda que "sem prazos artificiais" ou "obstáculos indevidos".

"O alargamento é um poderoso instrumento de paz, de segurança e de prosperidade. Usemos, portanto esse instrumento. Tanto a UE como os países candidatos têm de trabalhar mais e mais depressa. Sem prazos artificiais, mas também sem obstáculos indevidos", sustentou.

Para o ex-governante português, o alargamento "reforçará indubitavelmente" a União. Contudo, "a paz, segurança e a resiliência" são questões que extravasam o bloco comunitário: "Vivemos num mundo multipolar, com sete continentes diferentes e 192 países. Temos de os implicar, tecendo em conjunto uma rede mundial".

"Ao fazê-lo, devemos pôr de lado conceitos como o sul global ou o norte global. A ação externa da União Europeia tem de reconhecer que tanto o sul como o norte são, na realidade, plurais", rematou.

c/ Lusa

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