Passageiros ajudaram a travar atentado a bordo de avião nos EUA
Um pequeno rebentamento, seguido de fumo, levou ontem parte dos passageiros e da tripulação do voo 253 da Northwest Airlines a lançar-se, na aproximação a Detroit, sobre o autor do mais grave ataque a bordo de um avião comercial desde 2001. A "tentativa de acto de terrorismo" foi frustrada sem notícia de mortes, mas fez soar alarmes nos Estados Unidos, Nigéria e Iémen.
Foi a bordo do Airbus 330 da filial da transportadora Delta que um cidadão nigeriano identificado como Umar Farouk Abdulmutallab tentou accionar, no dia de Natal, uma carga explosiva. Os componentes do engenho, entre os quais uma substância em pó, terão sido misturados a bordo. O autor do ataque seria dominado por vários passageiros e elementos da tripulação, tendo sofrido queimaduras graves nas pernas. Segundo Peter Smith, citado pela Associated Press, a primeira tentativa para manietar o bombista partiu de um passageiro.
Abdulmutallab, de 23 anos, terá dito que recebera instruções da Al Qaeda para fazer explodir um avião sobre o território norte-americano, de acordo com fontes dos serviços de segurança citadas pelas agências internacionais. Uma vez dominado, de calças rasgadas, foi levado para um assento na dianteira do avião. Às primeiras horas de sábado, continuava internado num hospital de Ann Arbor, no Michigan, onde foi submetido a um primeiro interrogatório. Vários passageiros sofreram queimaduras ligeiras.
Memória de Richard Reid
O incidente de sexta-feira está a ser comparado com a tentativa de ataque terrorista protagonizada em 2001 pelo britânico Richard Reid, que tencionava destruir um voo transatlântico com explosivos escondidos nos sapatos. Também Reid foi dominado por passageiros.
A Casa Branca afiança que está a encarar os acontecimentos de Detroit como uma "tentativa de acto de terrorismo". E já deu instruções no sentido de um reforço das medidas de segurança a bordo de aviões comerciais. As autoridades holandesas adiantaram que a Administração norte-americana já pediu a todas as companhias aéreas que adoptem medidas de excepção para os voos com destino aos Estados Unidos.
Fontes dos serviços secretos do Iémen, citadas pela Associated Press, indicaram que estão a investigar alegações de que Umar Farouk Abdulmutallab teria recebido o engenho explosivo naquele país. Em declarações à CNN, o republicano Peter King, membro do Comité de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, confirmou que Abdulmutallab partiu de Lagos, na Nigéria, para o aeroporto de Schiphol, na Holanda.
As autoridades nigerianas já abriram um inquérito sobre a tentativa de ataque terrorista, prometendo cooperar com as congéneres dos Estados Unidos.
Ouvido pela agência Lusa, o chefe do gabinete de comunicação da ANA - Aeroportos de Portugal, Rui Oliveira, afirmou que os aeroportos do país mantêm "níveis elevados de segurança", pelo que não se verifica qualquer reforço de medidas após os acontecimentos de Detroit.
"Não houve relaxe nem reforço, pois trabalhamos sempre com níveis elevados de segurança", adiantou o responsável.