"Partygate". Boris Johnson enfrenta moção de censura

por RTP
Tolga Akmen - EPA

O primeiro-ministro britânico enfrenta esta segunda-feira uma moção de censura originada no Partido Conservador. Mais de 15 por cento dos deputados tories entregaram cartas a manifestar descontentamento com o desempenho de Boris Johnson.

O presidente do grupo parlamentar dos conservadores, Graham Brady, confirmou ter sido superado o limite mínimo de 45 em 359 deputados para que o processo pudesse ser desencadeado

"O voto terá lugar esta tarde, na Câmara dos Comuns, entre as 18h00 e 20h00, e anunciaremos o resultado pouco depois", adiantou Brady numa declaração junto ao Parlamento. O mesmo responsávei disse ainda ter informado o primeiro-ministro no domingo.

A imprensa do Reino Unido havia noticiado a entrega, nos últimos dias, de mais "cartas de desconfiança". Este é um processo secreto. Ainda assim, houve parlamentares que revelaram publicamente a sua posição.
Sao necessárias 54 cartas de recusa por parte de deputados conservadores. O número foi ultrapassado. O teor das cartas conhecidas aponta a combinação dos escândalos das festas durante os confinamentos pandémicos e promessas por cumprir.
Até ao momento eram conhecidos cerca de 30 deputados descontentes com o chefe do Executivo. Alguns exortaram mesmo o primeiro-ministro a demitir-se na sequência das revelações sobre as festas no Número 10 de Downing Street, durante períodos de confinamento motivados pela pandemia da covid-19. 

Jesse Norman, antigo secretário de Estado britânico das Finanças, juntou-se esta segunda-feira ao coro de críticos do primeiro-ministro, referindo na sua carta de recusa o escândalo conhecido como Partygate e a intenção de suspender partes do Protocolo da Irlanda do Norte, no quadro do acordo do Brexit.

"Prolongar esta charada de permanecer em funções não só insulta o eleitorado (...) mas torna uma mudança de governo na próxima mais provável", afirmou Norman.
Impopularidade dos tories
Uma sondagem publicada no domingo pelo Sunday Times atribuiu à oposição trabalhista uma vantagem de 20 pontos percentuais nas intenções de voto na circunscrição de Wakefield, que vai a votos a 23 de junho por causa da demissão do deputado conservador Imran Khan.

Já uma sondagem interna, divulgada pelo portal ConservativeHome, aponta para uma maioria - 57 por cento - ainda contra a demissão. Todavia, mostra também que cresceu para 40 por cento o número dos que desejam uma nova liderança.Na sexta-feira, à entrada para a Catedral de São Paulo, em Londres, onde se realizou uma cerimónia de celebração dos 70 anos de reinado de Isabel II, Boris Johnson foi alvo de apupos. 

O atual chefe de gabinete de Boris Johnson, Steve Barclay, escreve esta segunda feira no mesmo site que os conservadores estão a "perder tempo agora com a constante divisão interna" e arriscam-se a desperdiçar a maioria absoluta.

O resultado do processo da moção de censura é determinado por maioria simples, ou pela orientação de cerca de 180 votos entre os 359 deputados conservadores

Caso Boris Johnson reúna mais de metade dos sufrágios, continuará a liderar o partido e terá um ano isento de novas moções. Uma derrota dará lugar a uma eleição interna. E o atual primeiro-ministro não poderá concorrer à reeleição.

c/ agências

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