O Partido Socialista de Timor (PST), força sem representação parlamentar, vai hoje declarar o apoio a uma candidatura presidencial determinada pelo líder histórico Xanana Gusmão, apoiando depois desse voto uma "reconfiguração" do parlamento ou legislativas antecipadas.
As duas decisões foram anunciadas por Avelino Coelho, presidente da força política, que falava no arranque do V Congresso Nacional do Partido Socialista de Timor (PST) em Díli, subordinado ao tema "Construir e reforçar um partido de quadros na etapa da Revolução Democrática Nacional".
Avelino Coelho disse que o Congresso vai votar duas resoluções, a primeira das quais um "projeto político de Reposição da Ordem Democrática-Constitucional", vincando a opinião do partido e da atual oposição liderada pelo CNRT de Xanana Gusmão, que questiona a legalidade da atual maioria parlamentar e do Governo.
A primeira resolução dá apoio do PST "à candidatura presidencial a ser determinada" por Xanana Gusmão e pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
A segunda, explicou, "constitui o compromisso de todas as forças democráticas de através da eleição presidencial, se ganhando, reconfigurar a Mesa do Parlamento Nacional, estabelecer um arranjo de uma maioria parlamentar, para formar o Nono Governo, ou dissolver o Parlamento Nacional e convocar novas eleições parlamentares em 2022, cujo resultado será também a formação do Nono Governo".
As duas resoluções, vincou, "espelham na vida do PST a aliança natural que este partido assume para com o Líder Máximo do povo de Timor-Leste na luta pela defesa do Estado de Direito Democrático, a base e a garantia para o respeito dos direitos mais fundamentais dos cidadãos".
Aos dirigentes e militantes do partido, e a convidados como o ex-presidente da República José Ramos-Horta, Avelino Coelho recordou a história do partido, que já esteve, no passado, no parlamento, sublinhando a vontade de "solidificar os alicerces da ainda muito jovem democracia" de Timor-Leste.
"Os partidos constituem a expressão da vontade popular e são eles quem catalisam as aspirações e orientam o eleitorado, evitando turbulências na sociedade, quando eles estejam na plenitude de educar e orientar os seus militantes", disse.
Saudou em particular José Ramos-Horta, apontado como potencial candidato presidencial para o voto de 2022, com o apoio de Xanana Gusmão.
"O nosso irmão Ramos Horta, hoje, ao sentir na pele, e ao testemunhar a violação das sublimes normas da democracia, por forças política que não souberam entender os jogos políticos no xadrez parlamentar, como mandatado na Constituição da RDTL, abraçou hoje o projeto político da Reposição da Ordem Democrática-Constitucional, juntando e dando maior realce e força aos movimentos cívicos que pugnam por uma sociedade política civilizada no palco político", afirmou.
Um discurso com críticas ao atual acordo de maioria no parlamento, que sustenta o Governo a três partidos -- Fretilin, PLP e KHUNTO -- que inicialmente resultou da eleição de uma coligação pré-eleitoral, a AMP, formada pelo CNRT, PLP e KHUNTO.
Presente na Assembleia Constituinte, o PST quer agora apostar na formação dos seus quadros e "reforçar a ideologia, solidificar as forças e batalhar pela reposição da ordem Democrática Constitucional, pelas vias pacíficas e eleitorais".
Os cerca de 300 delegados dos "Comités Revolucionários de Bases Popular (CRBP), o verdadeiro eixo partidário e o motor de mobilização das massas", vão debater um conjunto de questões analisadas na semana passada em reuniões prévias.
O objetivo, segundo Avelino Coelho, é "confirmar a coerência ideológica, a firmeza nos princípios e a certeza na causa" que guiou a fundação do PST, debatendo "novos conceitos que orientam a vida partidária".
"A resolução da contradição básica na nossa sociedade não é determinada pela luta de classes, mas antes pela harmonização dos interesses das classes sociais e construir um socialismo humanístico com características timorenses, assentes nas duas grandes instituições Umane-Fetosan, a maior criação dos nossos antepassados", afirmou.