O presidente da primeira comissão do parlamento moçambicano, António Nequice, disse hoje que o órgão pondera iniciar o debate sobre um orçamento especial para Cabo Delgado, face aos desafios de segurança que esta província enfrenta.
"Vamos (...) verificar as especificidades que são decorrentes desta necessidade que Cabo Delgado tem, especificamente por conta do esforço que deve ser feito na área de defesa e segurança", declarou presidente da Comissão de Inquérito, em declarações à comunicação social no final de uma reunião entre deputados da primeira comissão e órgãos do governo local em Cabo Delgado.
A intenção, prosseguiu Nequice, é responder às necessidades da província, num momento em que as populações continuam a apresentar uma tendência de regresso às zonas de origem, com a estabilização da situação.
"Acho que haverá um suplemento que represente a dimensão destes desafios para que se garanta o restabelecimento total da segurança e, de forma incondicional, as populações possam se locomover e desenvolver as suas atividades (...) a vida tem de voltar à normalidade", declarou.
Desde 2017, a província moçambicana de Cabo Delgado, rica em gás natural, está a ser aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.