O Parlamento Europeu levantou a imunidade a Carles Puigdemont, antigo presidente da Generalitát, o governo autonómico da Catalunha, com 400 votos a favor, 248 contra e 45 abstenções. A decisão ficou selada em votação à porta fechada na segunda-feira. O resultado foi agora conhecido.
Os mandados emitidos pelo juiz do Supremo espanhol Pablo Llarena, encarregue da instrução do denominado procés, ficaram em suspenso no início do ano passado, no momento em que os políticos catalães tomaram posse como eurodeputados.
Esta decisão parlamentar não significa, contudo, que os políticos catalães sejam de imediato entregues a Madrid. Os processos de Carles Puigdemont e Antoni Comín deverão ficar sob a alçada da justiça belga. Já Clara Ponsatí, que rumou à Escócia, embora atualmente viva na Bélgica, deverá debater-se com os tribunais britânicos.
Os eurodeputados catalães já fizeram saber que tratarão de recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia, alegando “irregularidades” nos procedimentos do Parlamento Europeu. De resto, o próprio magistrado espanhol responsável pela instrução agiu já no sentido de envolver a justiça europeia.
Em entrevista exclusiva à correspondente da RTP em Espanha, Daniela Santiago, nas vésperas desta decisão dos eurodeputados, Puigdemont acusava o Parlamento Europeu de cedência a pressões espanholas.
A distribuição de votos
Como se previa, os três maiores grupos políticos do Parlamento Europeu, PPE, PSE e liberais, com 432 dos 705 eurodeputados, votaram favoravelmente o levantamento da imunidade de Carles Puigdemont.
Houve, todavia, dissensões entre progressistas e liberais. Os verdes e a esquerda votaram maioritariamente contra o levantamento da imunidade.
Ficaram patentes as brechas no seio da coligação que suporta o Governo espanhol. Se os socialistas apoiaram o levantamento da imunidade, os eurodeputados da aliança Unidas Podemos votaram contra.
