Parlamento da Turquia aprova adesão da Suécia à NATO
Depois da candidatura sueca ter sido aprovada em dezembro de 2023, pela Comissão dos Negócios Estrangeiros do parlamento turco, o voto dos deputados esta terça-feira estava praticamente dado como garantido. Espera-se que o presidente Recep Tayyip Erdogan ratifique a decisão ainda esta semana.
"Hoje ficamos um passo mais perto de nos torb«narmos um membro pleno da NATO", escreveu Kristersson na rede X. "Positivo que a Grande Assembleia Geral da Turquia tenha votado a favor da adesão da Suécia à NATO".
O maior pretexto para as reticências turcas começou por ser o acolhimento dado pela Suécia a membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, PKK, que centra há décadas a resistência curda ao domínio turco e que o governo da Turquia considera terroristas.
Já em dezembro e depois de alguns compromissos suecos quanto à questão curda, incluindo a adoção de legislação anti-terrorista mais rigorosa e outras medidas securitárias, o presidente Recep Tayyip Erdogan acrescentou às suas condições a aprovação "simultânea", por parte do Congresso dos Estados Unidos, da venda de aviões caça F-16 para modernizar a Força Aérea da Turquia.
Exigência ainda por cumprir, mas aparentemente garantida mediante luz verde parlamentar à adesão sueca e ratificação que poderá ser assinada por Erdogan ainda esta semana.
O presidente norte-americano, Joe Biden, terá deixado esta certeza ao homólogo turco e a negociação final terá sido o principal assunto na agenda do secretário de estado Antony Blinken durante a sua visita a Istambul, no início do ano.
Vantagem: Turquia
Como membro da NATO com fortes laços com Moscovo, a Turquia tem gozado de uma posição previlegiada para negociar com ambos os blocos, incluindo quanto a armamento e tem negociado com destreza a sua aprovação à Suécia.
Como parte das negociações conseguiu por exemplo que, além da Suécia, também a Finlândia, o Canadá e os Países Baixos relaxassem as suas políticas quanto à exportação de armas turcas, algo que de alguma forma poderá vir a beneficiar Moscovo na guerra na Ucrânia.
Ancara tem lucrado duplamente com este conflito, ao manter e até alargar o comércio com a Rússia ao mesmo tempo que abastece Kiev com drones e outro material militar.
Com a aprovação da candidatura sueca por parte da Turquia em sessão plenária, a Hungria permanece como único obstáculo à adesão do país nórdico à Aliança Atlântica.
Esta terça-feira, Budapeste convidou o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, para uma reunião de forma a "discutir" a entrada. O convite foi divulgado na rede X numa publicação do primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban.
O responsável pela diplomacia sueca afirmou ainda estar pronto a "discussões", sublinhando os "númerosos pontos em comum" e a "cooperação militar" entre os dois países.
Viktor Órban prometeu não ser o último a aceitar a Suécia mas esperou demasiado. O partido socialista MSZP, principal da oposição húngara, apelou já ao primeiro-ministro para "por fim a esta brincadeira insensata, que prejudica consideravelmente a imagem da Hungria", exigindo a convocação de um plenário extraordinário da Assembleia húngara para proceder à votação.
A Suécia apresentou a sua candidatura à NATO em simultâneo com a Finlândia, em reposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, há cerca de dois anos. A Finlândia foi admitida no passado mês de abril como 31º estado membro.
A Ucrânia é igualmente candidata a entrar na NATO, contudo a sua pretensão coloca múltiplos problemas e reticências a outros países membros. A Eslováquia, pelo seu primeiro-ministro Robert Fico, anunciou nos últimos dias o seu veto à candidatura, para "evitar a III guerra Mundial".