O parlamento da Coreia do Sul aprovou hoje a destituição do ministro da Justiça, Park Sung--jae, e do chefe da polícia, Jo Ji--ho, devido à breve imposição da lei marcial, na semana passada.
A Assembleia Nacional aprovou com 195 votos a favor e 100 contra a moção contra Park, o primeiro ministro ser destituído pelo parlamento na história da democracia no país, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A moção, apresentada pelo principal movimento da oposição, alegava que Park "participou numa reunião do executivo e na tomada de decisões", o que "equivaleu a uma conspiração para cometer rebelião".
"Há suspeitas de que tentou garantir antecipadamente locais de detenção para figuras-chave que deviam ser detidas após a implementação da lei marcial", disse o Partido Democrático (PD, na oposição).
A moção notou ainda que o ministro "agiu como se não reconhecesse a autoridade da Assembleia Nacional, demonstrando que estava de acordo com a perceção errada do Presidente Yoon [Suk--yeol] de considerar os políticos como alvos de detenção".
Quanto a Jo Ji--ho, 202 deputados votaram a favor da destituição do líder da Polícia Nacional da Coreia do Sul e 88 contra.
A moção alegou que Jo "abusou da autoridade para comandar e dar ordens à polícia e bloqueou a entrada de membros da Assembleia Nacional, órgão constitucional".
Desta forma, o chefe da polícia "violou o direito da Assembleia Nacional de exigir o levantamento da lei marcial", referiu o PD.
O bloqueio do parlamento "é um ato que praticamente impossibilita a Assembleia Nacional de exercer as competências conferidas pela Constituição. É um crime de traição", concluiu a moção.
Jo, entretanto já detido, está a receber tratamento hospitalar devido à deterioração do estado de saúde, indicou a Yonhap, que citou fontes não identificadas.
Na prática, a aprovação das duas moções significa que os dirigentes ficam suspensos de funções.
O parlamento aprovou ainda a criação de um procurador especial para investigar as acusações de insurreição contra o Presidente Yoon Suk--yeol.
Horas antes, o chefe de Estado defendeu a imposição de lei marcial como um ato de governação, acusou a oposição de paralisar o governo e negou acusações de rebelião.
A oposição da Coreia do Sul agendou para sábado a votação no parlamento de uma segunda moção de destituição contra o conservador Yoon, que no sábado passado escapou por pouco a uma primeira tentativa.
A polícia sul-coreana está a realizar novas buscas no gabinete do chefe de Estado para "obter documentos e informações", avançou a Yonhap.
Na quarta-feira, a polícia disse ter sido impedida pelos guardas de segurança do complexo presidencial de fazer buscas no edifício onde se encontra o gabinete de Yoon.