Paris está a viver horas de violência. Há registo de incidentes entre manifestantes curdos e a polícia, depois de um tiroteio nas proximidades de um centro cultural curdo, esta sexta-feira, que provocou três mortos e vários feridos.
A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes curdos perto de um centro cultural curdo no centro de Paris, em frente ao qual um homem de 69 matou três pessoas esta sexta-feira.
Os incidentes começaram quando a multidão se deparou com um cordão de forças de segurança que protegia o ministro francês da Administração Interna, Gérald Darmanin, que compareceu ao local para atualizar a investigação e falar aos jornalistas.
As forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que por sua vez lançaram projéteis na sua direção, queimaram latas de lixo e ergueram barricadas na rua. Os manifestantes estão também incendiar as lojas e bancas de fruta dos mercados ali perto.
Segundo revelou uma fonte policial à agência France-Presse, cinco polícias ficaram feridos durante os confrontos em Paris e uma pessoa foi detida. Em Marselha, cerca de 150 curdos marcharam numa manifestação, tendo sido bloqueados por um cordão policial. Quatro pessoas foram detidas à margem da manifestação.
Para além de elementos da comunidade curda, entre os manifestantes estão outros indivíduos anti-sistema, alimentados pela fratura social, que aproveitam estes momentos para provocar desacatos.
Pelo menos três pessoas morreram e várias ficaram feridas no tiroteio desta manhã no centro de Paris, nas proximidades de um centro cultural curdo.
Sabe-se que o alegado atirador, detido pelas autoridades, é um homem de 69 anos de nacionalidade francesa. É um maquinista reformado e é conhecido pelas autoridades pelo envolvimento em duas situações anteriores de tentativas de homicídio. Há um ano também atacou um campo de migrantes. O suspeito terá agido sozinho e, de acordo com testemunhas, disparou sete ou oito tiros.
O conselho democrático curdo de França, que reúne 24 associações da diáspora curda, anunciou que as três vítimas mortais eram militantes curdos e adianta que este ataque aconteceu após várias ameaças da Turquia. O conselho convocou uma manifestação para sábado para a Praça da República, em Paris.
Já foi aberto um inquérito por homicídio e violência agravada
O ministro francês da Administração Interna disse que o atirador queria "obviamente atacar estrangeiros", mas não se sabe ainda se tinha como alvo curdos.
Gerald Darmanin anunciou o reforço de segurança dos locais onde está presente a comunidade curda. Há muito que os líderes curdos pedem uma melhor proteção para a sua comunidade, um tema que ganhou impulso após o assassinato de três mulheres curdas, há uma década.
O presidente francês quebrou o silêncio e lamentou o "ataque hediondo no coração de Paris" do qual "os curdos da França foram alvo". Emmanuel Macron apresentou os sentimentos às vítimas e às suas famílias e agradeceu aos agentes policiais pela sua "coragem e compustura".
A primeira-ministra francesa também já reagiu no Twitter ao ataque, que apelidou de “ato hediondo”. Elisabeth Borne expressou os seus "sentimentos" e o seu "total apoio às vítimas e aos seus entes queridos".
A presidente da Câmara de Paris escreveu na rede social Twitter que "a comunidade curda e, através dela, todos os parisienses, foi alvo destes ataques cometidos por um ativista de extrema-direita". Anne Hidalgo adianta que "os curdos, onde quer que residam, devem poder viver em paz e segurança. Mais do que nunca, Paris está ao lado deles nestas horas sombrias".
Conselho Democrático Curdo acusa Turquia
Durante uma conferência de imprensa, o Conselho Democrático Curdo na França (CDKF), cuja sede está localizada na rua de Enghien, declarou que "mais uma vez, no coração de Paris, a comunidade curda foi atingida por um ataque terrorista"
"A situação política na Turquia e os desenvolvimentos políticos relativos ao povo curdo levam-nos claramente a crer que se trata de assassinatos políticos”.
Através da imprensa, continuou o responsável, citado pelo Le Monde, tornou-se de conhecimento público "que o caráter terrorista não foi, nesta fase, mantido".
"Estamos indignados com esta situação. (…) Eles tentam fazer-nos acreditar que ele é apenas um simples ativista de extrema-direita”.
O CDKF instou ainda as autoridades francesas a interromper a "cooperação com os serviços de inteligência turcos" , descrevendo o posicionamento de Paris como "complacência".
"A situação política na Turquia e os desenvolvimentos políticos relativos ao povo curdo levam-nos claramente a crer que se trata de assassinatos políticos”.
Através da imprensa, continuou o responsável, citado pelo Le Monde, tornou-se de conhecimento público "que o caráter terrorista não foi, nesta fase, mantido".
"Estamos indignados com esta situação. (…) Eles tentam fazer-nos acreditar que ele é apenas um simples ativista de extrema-direita”.
O CDKF instou ainda as autoridades francesas a interromper a "cooperação com os serviços de inteligência turcos" , descrevendo o posicionamento de Paris como "complacência".
Entretanto, a comunidade internacional já condenou os tiroteios desta sexta-feira. Através do Twitter, Olaf Scholz descreveu este como um "ato horrível" que "abalou Paris e a França".
“Os meus pensamentos estão com as vítimas do tiroteio num centro cultural curdo em Paris", declarou também a comissária europeia para a Igualdade.
"As minhas condolências às suas famílias e amigos, e a toda a comunidade curda", acrescentou Helena Dalli. "Todos têm o direito de estar seguros nas suas vidas diárias e de viver livres do ódio".
"As minhas condolências às suas famílias e amigos, e a toda a comunidade curda", acrescentou Helena Dalli. "Todos têm o direito de estar seguros nas suas vidas diárias e de viver livres do ódio".
c/agências