O voo MS804 descolou de Paris e levava a bordo 15 cidadãos franceses. Perante o desastre, Paris anunciou a abertura imediata de um inquérito e estão já a ser investigados eventuais problemas de segurança ou até mesmo potenciais associações entre trabalhadores do aeroporto e o desastre. Apesar de o Egipto avançar que os destroços do avião foram já encontrados, o mistério subsiste.
O voo MS804 partiu de França, um país há meses consecutivos em estado de emergência e que assim permanecerá, pelo menos, até ao fim do Euro 2016 e da Volta a França em Bicicleta.
Com os dados conhecidos, as autoridades francesas encaram como prioritário descobrir o que aconteceu. E deixam todas as hipóteses em aberto. Um grupo de investigadores franceses chegou já ao Cairo para participar nas investigações egípcias, mas é também em Paris que se desenrola o trabalho dos peritos.
Inquérito em marcha
A investigação teve início logo na quinta-feira. Perante as notícias do desaparecimento do Airbus A320 que efetuava a ligação entre a capital francesa e o Cairo, a Procuradoria de Paris anunciou a abertura de um inquérito. Um processo regular, uma vez que o avião em causa partiu do Aeroporto Charles de Gaulle e há franceses entre as vítimas.
Entretanto, a imprensa francesa avança que já estão a ser investigados o pessoal de terra do principal aeroporto de Paris bem como a lista de passageiros do voo MS804. As autoridades francesas tentam encontrar eventuais falhas de segurança ou até mesmo associações entre funcionários do aeroporto e o desastre.
Aliás, ainda em dezembro, várias dezenas de pessoas consideradas próximas de ideais islamitas foram afastadas das zonas mais restritas dos aeroportos de Paris. The Huffington Post dá ainda conta de que, entre janeiro de 2015 e abril de 2016, as autoridades francesas rejeitaram a renovação ou atribuição de acesso às zonas mais restritas do Aeroporto Charles de Gaulle a mais de 600 pessoas.
86 mil trabalhadores
O principal aeroporto de Paris é o segundo mais frequentado da Europa. Passam diariamente por aquela infraestrutura cerca de 180 mil passageiros. Ou seja, mais de 65 milhões de pessoas por ano. O aeroporto dá emprego a 86 mil pessoas.
No entanto, sabe-se também que aquela não era a primeira viagem que o avião da EgyptAir realizava no mesmo dia, pelo que um eventual problema de segurança poderá ter ocorrido noutra infraestrutura aeroportuária.
O voo 804 da EgyptAir era já a quinta ligação deste A320. O aparelho, produzido em 2003, tinha começado a jornada com uma ligação entre Asmara, capital da Eritreia, e o Cairo. Seguiu-se uma viagem de ida e volta entre a capital egípcia e Tunes. Só depois o avião partiu do Cairo com destino a Paris. Desapareceu durante a madrugada de quinta-feira, quando regressava à capital egípcia.
Em outubro, um avião da Metrojet explodiu enquanto fazia a ligação entre a estância turística de Sharm el-Sheikh e Moscovo. Na altura, a investigação concluiu que o avião transportava uma bomba a bordo. O ataque foi reivindicado pelo ramo egípcio do autoproclamado Estado Islâmico. O atentado tirou a vida a 224 pessoas.
Seguiam a bordo do voo MS804 66 pessoas, 56 dos quais eram passageiros. Entre as vítimas há 30 egípcios e 15 franceses. Um português seguia a bordo. Tinha 62 anos e vivia na África do Sul, onde trabalhava para a Mota Engil.