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"Parece que explodiu uma bomba". Confirmados 55 mortos em incêndios no Hawai

por Carla Quirino - RTP
Marco Garcia - Reuters

O mais recente balanço do incêndio na ilha de Maui, do arquipélago norte-americano do Hawai, no Pacífico, é de 55 vítimas mortais. Porém, o governador do Estado, Josh Green, acredita que o número subirá à medida que se "vasculhe debaixo dos escombros". Aumentam as dúvidas sobre se as autoridades agiram com rapidez suficiente para evacuar o paraíso turístico de Lahaina. Mais de 14 mil pessoas foram retiradas daquele território.

“Não sabemos quantas pessoas temos mortas ou desaparecidas”, afirmou John Pelletier, chefe da polícia de Maui, durante uma conferência de imprensa na noite de quinta-feira. “Quando tudo isso é dito e feito, honestamente, não sabemos”.

Estão confirmadas 55 mortes e pelo menos 30 pessoas ficaram feridas, com queimaduras e inalação de fumo. Entre turistas e habitantes, foram retiradas 14 mil pessoas pelas autoridades norte-americanas.

Na quinta-feira, o governador do Hawai, Josh Green, declarou-se chocado com a extensão de destruição de Lahaina: “Parece que explodiu uma bomba aqui”. Acrescentou que só algumas estruturas de pedra se mantiveram “parcialmente erguidas, mas de resto está tudo destruído”.

“A mim parece-me que cerca de oitenta por cento de Lahaina desapareceu. O que vimos foi catastrófico”, rematou.

Tudo começou com três incêndios que deflagraram em Maui, na noite de terça-feira, isolando o lado oeste da ilha. Fortes ventos terão impulsionado o fogo, que começou na vegetação do centro urbano. As chamas engoliram a cidade histórica de Lahaina tão rapidamente que alguns sobreviventes escaparam saltando para o mar. Foram depois resgatados pela Guarda Costeira."Zona de guerra"


Kevin Moniz, que mora nos arredores de Olinda, perto do centro de Maui, contou ao New York Times que quando o incêndio deflagrou molhou “a propriedade com mangueira ao mesmo tempo que outros proprietários próximos usavam máquinas escavadoras para criar uma barreira contra o fogo, enquanto as chamas subiam a colina”.

"Começou no meio da noite, muito, muito mau", afirmou Moniz, descrevendo “um brilho laranja visível da propriedade”. A casa de Moniz evitou estragos. Mas perto do topo da colina a destruição foi generalizada, com troncos de árvores carbonizados que ainda deitavam fumo na quinta-feira.

A comunicação social local descreve que as ruas de Lahaina, cidade com 13 mil habitantes, estão “estranhamente silenciosas durante esta noite, muitas delas vazias”. Reporta que ocasionalmente as famílias vêm ver as casas e tirar fotos e que as equipas de resgate parecem ter feito pouco progresso na verificação das propriedades das vítimas.

As linhas de eletricidade e detritos ainda cobrem muitas estradas. 

O mayor do condado de Maui, Richard Bissen, confirma que grandes áreas de Lahaina foram completamente destruídas e que grande parte da cidade está sem água ou energia. A rede elétrica funciona, mas com cortes. Quase 11 mil clientes de eletricidade no lado oeste de Maui ficaram sem energia na noite de quinta-feira, avançou a concessionária Hawaiian Electric no site.

Há relatos de moradores que continuam a procurar vizinhos e familiares.

Sandy Mariano e as duas filhas enquanto enchiam o carro com comida e água para doar. Explicou que o serviço de telemóvel não estava a funcionar em Lahaina. “Consegui alcançar alguns amigos presos na área via Facebook – Messenger” e outras plataformas, descreveu.

Lahaina, anteriormente a capital do reino havaiano, foi parcialmente destruída. O incêndio parece ter consumido a maior parte da orla histórica da cidade, incluindo 271 estruturas e casas.

“Mais parecia uma zona de guerra”, disse Alan Barrios, morador de Lahaina, ao Honolulu Civil Beat . “Houve explosões a torto e a direito".


A Casa Museu Baldwin era o edifício mais antigo de Maui.
A estrutura original foi construída pelo reverendo Ephraim Spaulding, entre 1834-35. A Casa ardeu neste incêndio, perdendo-se um importante património histórico, disse um funcionário do museu.

A tantas vozes junta-se James Tokioka, diretor do departamento de negócios, desenvolvimento económico e turismo, que, desolado, declara : “A população local perdeu tudo. Perdeu as suas casas, perdeu os seus animais”.
Dúvidas sobre coordenação das autoridades
Quando o incêndio foi detetado, na terça-feira, as autoridades do condado de Maui ordenaram evacuações na área no extremo leste da cidade, perto de uma escola. Em poucas horas, as autoridades também anunciaram no Facebook e no site do condado que o incêndio tinha sido “100 por cento contido”. 

Porém, nas horas seguintes, a Agência de Gestão de Emergências alertava as pessoas para que ficassem longe de várias estradas bloqueadas. E não terá havido mais ordens de evacuação.

Na quinta-feira, as autoridades informaram que três incêndios permaneciam ativos na ilha, em Lahaina, Pulehu e Upcountry. O incêndio de Lahaina estava contido em 80 por cento.

Os incêndios afetam também Kula, outra zona da ilha de Maui, assim como a península de Kohala, na ilha do Hawai.

Foi decretado estado de emergência.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden “ordenou todos os ativos federais disponíveis nas ilhas para ajudar na resposta”. Biden expressou condolências e disse que as suas “orações e da esposa, Jill, estão com aqueles que viram as suas casas, negócios e comunidades destruídas”. 

O presidente norte-americano garantiu ainda que “qualquer pessoa que tenha perdido um ente querido ou cuja casa tenha sido danificada ou destruída receberá ajuda imediatamente”.

Josh Green relacionou os incêndios com o aquecimento global e rematou: “A mudança climática está aqui e está a afetar as ilhas”.

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