Paquistão. Número recorde de jornalistas mortos em 2024

por RTP
Número recorde de mortes de jornalistas no Paquistão Pedro A. Pina - RTP

Sete jornalistas foram mortos nos primeiros seis meses de 2024 no Paquistão. Muitas das mortes estão relacionadas com o trabalho desenvolvido pelos jornalistas, que acabam por ter um papel de maior protagonismo com o crescimento das redes sociais.

De acordo com o Guardian, Khalil Jibran foi o último jornalista a ser morto. Na província de Khyber Pakhtunkhwa, que faz fronteira com o Afeganistão, Jibran foi vítima de uma emboscada, depois de o carro que conduzia ter sido parado e depois de arrastado para fora da viatura, Jibran foi alvejado várias vezes por dois homens.

Uma organização que investiga homicídios de jornalistas na região explicou que as mortes podem estar relacionadas com investigações e trabalhos feitos pelos jornalistas. Adil Jawab, que faz parte da organização, afirmou também que as mortes têm ocorrido em localidades pequenas em que o papel das redes sociais tem amplificado o perfil dos jornalistas.

Jawab acredita que estes crimes têm acontecido por haver um ambiente generalizado de impunidade no Paquistão.

O movimento The Freedom Network, que reclama direitos e liberdades dos jornalistas, revelou que cerca de 53 jornalistas foram mortos entre 2012 e 2022 por causa do trabalho que desenvolveram. Apenas dois casos resultaram na condenação dos culpados.

O jornalismo protagonizado pelos cidadãos tem um papel cada vez maior no Paquistão, sendo alimentado pelo crescimento das redes sociais e o número crescente de restrições colocadas aos meios de comunicação tradicionais.

Muitas pessoas tentam utilizar as redes como um veículo para revelar problemas de justiça e a corrupção nas elites paquistanesas.

Em Maio, Nasrullah Gadani, uma jornalista conhecida pelo trabalho sobre políticos locais e proprietários de grandes terras, foi morta no distrito de Badin, o que deu origem a uma onda de protestos. O irmão de Gadani acusou um dos políticos da região de ter sido o mandante do homicídio.

Três dias depois, outro jornalista foi morto no distrito de Khyber Pakhtunkhwa.

O responsável pela Federação Internacional de Jornalistas, Anthony Bellanger, disse há pouco tempo que o Paquistão deve respeitar o direito constitucional à liberdade de expressão.

“Jornalistas e profissionais dos media têm um direito constitucional de liberdade de expressão, mas este tem sido minado por ataques e homicídios. As autoridades têm de assegurar a liberdade dos meios de comunicação e que as mortes sejam objeto de investigações minuciosas e transparentes”.

O Paquistão encontra-se na 152ª posição no ranking da liberdade de imprensa em todo o mundo, realizado pelo grupo Repórteres Sem Fronteiras.

A lista aponta ainda o país como um dos mais perigosos para jornalistas, com casos de homicídios ligados a corrupção ou tráfico ilegal.
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