Xi Jinping inicia esta segunda-feira uma visita à Rússia à mesa de um almoço informal com o anfitrião, Vladimir Putin. Antes de receber o homólogo chinês em Moscovo, o presidente russo não poupou nos elogios. Xi aventa, por sua vez, que pretende procurar uma "forma racional" de pôr termo à guerra na Ucrânia.
“Estamos agradecidos pela linha equilibrada da [China] em relação à situação que ocorre na Ucrânia, por entender os antecedentes e as verdadeiras causas. Saudamos a disposição da China em desempenhar um papel construtivo na resolução da crise”, afirmou Putin na publicação.
Também Xi Jinping deixou uma mensagem, num artigo divulgado pelo Rossiiskaya Gazeta, diário estatal russo, a apelar ao “pragmatismo” para a Ucrânia. A proposta da China para a resolução desta crise, divulgada num documento de 12 pontos, represeta “tanto quanto possível a unidade das opiniões da comunidade mundial”.
Segundo o presidente chinês, esta viagem à Rússia tem como objetivo fortalecer a amizade entre os dois países, “uma parceria abrangente e interação estratégica”, num mundo ameaçado por “atos de hegemonia, despotismo e intimidação”.“Não há modelo universal de governo e não há ordem mundial em que a palavra decisiva pertença a um único país”, escreveu Xi.
Os dois líderes, com uma relação pessoal próxima, têm encontro marcado para esta segunda-feira, seguido de um almoço informal, informou à imprensa internacional o porta-voz do Kremlin.
Ainda de acordo com Dmitry Peskov, depois do encontro “cara a cara”, na terça-feira será o “dia das negociações” e em que os dois líderes vão dar uma conferência de imprensa conjunta.
Pequim pede ao TPI que evite “padrões duplos”
Esta visita acontece três dias depois de Vladimir Putin ter sido alvo de um mandado de prisão pelo Tribunal Penal Internacional, acusado de crimes de guerra. Em comunicado, o TPI acusa o presidente russo de ser "alegadamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população e transferência ilegal de população de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa”.
A poucas horas do encontro “cara a cara” na Rússia, a presidência chinesa pediu ao Tribunal Penal Internacional que evite "dois pesos e duas medidas" depois de ter sido emitido o mandado contra Putin.
"O Tribunal Penal Internacional deve adotar uma posição objetiva e imparcial, respeitar a imunidade jurisdicional dos chefes de Estado sob o direito internacional", disse Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa, esta segunda-feira numa conferência de imprensa.
A instituição deve "evitar a politização e a política de duplicidade de pesos", sublinhou ainda.
Recorde-se que Xi Jinping e Putin reuniram-se pela última vez em setembro passado, à margem da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), no Uzbequistão. Xi expressou então a Putin “questões e preocupações” sobre a guerra na Ucrânia, de acordo com o presidente russo. A China afirmou ser neutra no conflito, mas um mês antes da invasão, os dois chefes de Estado proclamaram uma “amizade sem limites”, na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.
A China recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia, mas condenou a imposição de sanções a Moscovo e acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas”, ao fornecer à Ucrânia armas defensivas.
c/ agências