Papa vai liberalizar missa em latim

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O anúncio da liberalização da missa em latim foi bastante bem acolhido pelos católicos tradicionalistas franceses, que se abstêm contudo de gritar vitória antes de ler o decreto papal.

O Vaticano anunciou hoje a publicação "dentro de alguns dias" do motu proprio (decreto papal) que traria de volta às igrejas a missa de santo Pio V, passada para segundo plano após o concílio do Vaticano II (1962-65).

O texto deverá ser acompanhado "de uma longa carta pessoal do Santo Padre aos bispos", precisa um comunicado do Vaticano.

A fidelidade a esta liturgia foi uma das causas do cisma ocorrido na igreja católica francesa, com monsenhor Marcel Lefebvre a pretender manter o rito antigo (ou "tridentino", relativo ao Concílio de Trento, 1545-1553), enquanto o Vaticano preferia a missa na língua vernácula, com o sacerdote frente aos fiéis, a comunhão de pé, etc.

"Estou muito contente com a chegada deste documento, mas não posso comentá-lo, porque não o li. Há que saber se há condições e quais são elas", disse hoje o abade Philippe Laguérie, antigo lefebvrista, feito regressar à igreja católica pela mão de Bento XVI, mas que continua a dizer a missa em latim.

Também a Fraternidade Santo Pio X prefere esperar para conhecer o documento, adiantando que um tal gesto facilitaria as relações com o Vaticano, mas "as questões doutrinais mantêm-se".

O abade Alain Laurans, desta Fraternidade, recordou que a saída dos integristas se deveu a "um conjunto de razões, de que a liturgia era apenas um elemento". Resolver a questão da missa tridentina não impedirá as divergências, nomeadamente, quanto ao ecumenismo, sublinhou.

A igreja católica oficial aguarda também a publicação do texto papal, mas como o motu proprio está anunciado como iminente desde Outubro de 2006, o assunto foi já debatido.

Em Novembro último, os bispos franceses declararam-se prontos a uma reconciliação "na caridade e na verdade" com os integristas, mas pedindo a estes que declarem o seu assentimento "sem equívocos" a que é hoje a igreja.

Os católicos tradicionalistas representam hoje entre 5 e 10 por cento dos fiéis praticantes em França, estão muito próximos da ultra-direita e ocupam ilegalmente várias igrejas do país.


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