O Papa pediu hoje ao padre mexicano Marcial Maciel, de 85 anos, fundador dos Legionários de Cristo, acusado de abusos sexuais contra seminaristas, que abandone todas as suas responsabilidades naquela congregação.
Devido à idade avançada do sacerdote, Bento XVI decidiu não o submeter a um processo canónico, indicou hoje o Vaticano.
"A Congregação para a Doutrina da Fé (Ó) decidiu, tendo em conta a idade avançada do padre Maciel e a sua saúde frágil, abdicar de qualquer processo canónico e convidá-lo a levar uma vida discreta de oração e penitência, renunciando a qualquer ministério público", lê- se no comunicado do Vaticano.
A Congregação para a Doutrina da Fé recebeu acusações de abusos sexuais contra o padre Maciel a partir de 1998, altura em que era dirigida pelo ainda cardeal Joseph Ratzinger, eleito Papa em 2005.
Fundada em 1941 no México, a Legião de Cristo, uma congregação ultra-conservadora próxima do Vaticano, está actualmente implantada em 20 países, conta 500 sacerdotes (Legionários), 2.500 seminaristas, 65.000 membros e gere 12 universidades.
O padre Maciel desistiu em Dezembro de 2004 de dirigir a organização, tendo-lhe sucedido o padre mexicano Álvaro Corcuera.
A decisão relativa ao padre Maciel, tomada pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal William Levada, foi "aprovada" pelo Papa Bento XVI, precisa o comunicado.
A imagem da organização está manchada pelas acusações de abusos sexuais feitas ao padre Maciel por alguns dos antigos membros, que se juntaram à Legião de Cristo quando eram crianças.
Marcial Maciel sempre recusou as acusações, que remontam à década de 50. Os queixosos explicam as suas acusações tardias - as primeiras foram apresentadas em 1997 - pela dificuldade em romper o silêncio, regra de ouro dos Legionários.
O Vaticano não quis misturar a figura de Maciel com a congregação e o comunicado precisa que, "independentemente da pessoa do fundador, reconhece-se com gratidão o benemérito apostolado dos Legionários de Cristo e da Associação Regnum Christi (os legionários laicos)".
João Paulo II tinha uma grande estima pela Legião de Cristo e prestou uma homenagem ao padre Maciel em Janeiro de 2005, numa mensagem de felicitações ao seu sucessor.
"Tiveram a oportunidade de viver 64 anos sob a condução do vosso fundador. Assim cresceram e se desenvolveram. Agora, vão prosseguir o vosso caminho guiados pelo vosso novo director-geral, mas vão ainda beneficiar do afecto paternal e da experiência do padre Maciel", escreveu o antecessor de Bento XVI na sua mensagem.
