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Panama Papers empurram primeiro-ministro da Islândia para porta de saída

por Carlos Santos Neves - RTP
Sigmundur Davíð Gunnlaugsson viu o seu nome envolvido no escândalo internacional de ocultação de fortunas pela mão da firma Mossack Fonseca Sigtryggur Johannsson - Reuters

Alvo de uma moção de censura, na esteira do escândalo de fortunas ocultas desvendado pela investigação jornalística Panama Papers, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson pediu esta terça-feira ao Presidente da Islândia para dissolver o Parlamento. Antes de decidir, porém, Ólafur Ragnar Grímsson quer ouvir os partidos.

A moção de censura fora submetida pela oposição na segunda-feira, o mesmo dia em que milhares de pessoas estiveram concentradas nas imediações do Parlamento de Reiquejavique para exigir a demissão do primeiro-ministro.

Sigmundur Davíð Gunnlaugsson viu o seu nome envolvido no escândalo internacional de ocultação de fortunas pela mão da firma Mossack Fonseca, com sede no Panamá.

Ana Rita Freitas, João Caldeirinha - RTP (4 de abril de 2016)

Após a reunião desta terça-feira com o primeiro-ministro Sigmundur Davíð Gunnlaugsson, o Presidente islandês adiantou ter manifestado a vontade de auscultar as principais forças partidárias do país, antes de decidir o destino da atual composição parlamentar.
“Conhecer posições”
No regresso apressado de uma visita de caráter privado aos Estados Unidos, Ólafur Ragnar Grímsson explicou que pretende consultar, desde logo, o Partido da Independência, aliado do atual chefe do Governo e do seu Partido do Progresso.

“Recusei-me a assinar uma declaração tendo em vista dissolver o Parlamento e fiz saber ao primeiro-ministro que não poderia consentir antes de me reunir com os responsáveis de outros partidos para conhecer as suas posições”, declarou o Presidente numa intervenção televisiva. Os opositores do primeiro-ministro encontram nas ligações da sua mulher aos Panama Papers um claro conflito de interesses.


A divulgação dos Panama Papers tornou praticamente insustentável a permanência de Gunnlaugsson no poder.

Entre o extenso acervo de documentos estão dados sobre uma companhia offshore detida pela mulher do primeiro-ministro: a Wintris Inc, que é credora do Arion Bank - outrora o Kaupthing Bank - e do Landsbanki, ambos nacionalizados em consequência da crise financeira.

Após as eleições legislativas de 2013, o Partido do Progresso e o Partido da Independência forjaram uma aliança que lhes garantiu 38 dos 63 assentos do Parlamento. A atual distribuição de forças seria suficiente para fazer cair a moção de censura.

c/ Reuters e France Presse
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