O anúncio foi feito pelo Presidente panamiano na televisão. "O Governo panamiano, através do nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros, irá criar uma comissão independente de especialistas nacionais e internacionais", afirmou Juan Carlos Varela.
O propósito da comissão será "avaliar as práticas correntes e propor a adoção de medidas que iremos partilhar com outros países do mundo para reforçar a transparência dos sistemas legal e financeiro", explicou Varela.
O Presidente do Panamá garantiu de novo que irá trabalhar com outros países sobre a fuga documental, publicada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, sediado nos Estados Unidos.
Relatório em seis meses
Ainda não se sabe quem irá integrar a comissão. Gian Castillero, um conselheiro político do Governo panamiano, acredita que, após a formação, o comité de especialistas irá levar pelo menos seis meses a apresentar um relatório sobre o caso.
Lembra ainda que ainda não foi provada qualquer ilegalidade nas operações da Mossack Fonseca. E garantiu que o facto de um dos fundadores da firma, Ramon Fonseca, ser amigo do Presidente Varela, não irá afetar em nada a investigação.
A revelação dos Panama Papers está a revelar-se um tsunami político em vários países, implicando desde políticos e ministros até presidentes de conselhos de administração de empresas e atletas.
Processo suíço
As notícias publicadas pelos jornais ligados ao Consórcio têm apontado o dedo a alegadas operações ligadas ao Presidente russo Vladimir Putin, ao primeiro-ministro britânico David Cameron e ao Presidente chinês Xi Jinping, ou ao Presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
O escândalo levou já à demissão do primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Davíð Gunnlaugsson.
O procurador da Suíça anunciou esta quinta-feira que vai iniciar um inquérito criminal aos Panama Papers, já que muitas firmas de advogados e financeiras de Genebra surgem referidas nos documentos.
"Decidimos abrir um processo ligado ao caso dos Panama Papers, mas não posso dizer mais nada", referiu Olivier Jornot, o Procurador-geral de Genebra, em conferência de imprensa.