PAIGC apoia independente Fernando Dias após exclusão das eleições guineenses
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) formalizou hoje o apoio ao candidato independente Fernandos Dias após a exclusão do líder, Domingos Simões Pereira, da corrida às presidenciais deste mês.
Os guineenses vão às urnas a 23 de novembro para eleições gerais, presidenciais e legislativas, mas é a corrida à presidência da República que está a centrar o debate político, com a rejeição da inscrição da candidatura do presidente do PAIGC, Simões Pereira, às presidenciais e da coligação PAI-Terra Ranka às legislativas.
Numa cerimónia transmitida nas redes sociais, o PAIGC e o candidato Fernando Dias formalizaram hoje um acordo político que garante o apoio do histórico partido da libertação ao herdeiro do barrete vermelho de Kumba Ialá, o fundador do PRS (Partido de Renovação Social).
O PRS dividiu-se em duas alas, uma aliada do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e outra que se manteve fiel a Fernandos Dias, que se apresenta às eleições como candidato independente.
Pela primeira vez, o PAIGC não vai a eleições na Guiné-Bissau e, como refere o texto do acordo hoje celebrado, o partido decidiu contrariar aquela que considera seria a esperada resposta política de "boicote das eleições, convidando os seus eleitores e a população em geral a não pactuarem com esta farsa".
"Isso nos faria cair no jogo de Umaro Sissoco Embaló, abrindo automaticamente o caminho para o segundo mandato forjado de uma forma fraudulenta", leu o porta-voz do PAIGC, Muniro Conte, acrescentando que, "consciente da sua responsabilidade histórica, o PAIGC decide endossar a candidatura independente de Fernando Dias da Costa, celebrando o presente acordo".
O texto do acordo clarifica que esta decisão surge depois das tentativas do partido para reverter a decisão do tribunal de exclusão da corrida eleitoral e a fim de tentar ultrapassar "a crise pré-eleitoral criada" e "a persistência do regime em fazer fuga em frente e avançar para a realização de eleições em condições" que o PAIGC considera "absolutamente inaceitáveis".
O partido compromete-se a acompanhar Fernando Dias durante a campanha, que já decorre na Guiné-Bissau, e assume como bandeiras a revisão da Constituição e das demais leis, a independência do setor judicial, a luta contra a corrupção, a descentralização administrativa e realização de eleições autárquicas.
"O PAIGC mobilizará os seus eleitores a votarem massivamente no candidato Fernando da Costa Dias", refere-se no acordo.
O candidato agradeceu a "coragem e determinação" do PAIGC e manifestou a expectativa de vitória nas urnas.
Fernando Dias referiu-se ao efetivo das Forças Armadas guineense, que a oposição entende estarem com o regime de Umaro Sissoco Embaló, para dizer que os militares não chegam a 10 mil dos cerca de dois milhões de guineenses.
"Vamos ganhar as eleições, vamos para o terreno, nós vamos fazer o nosso trabalho, não usamos património do Estado para fazer campanha", afirmou.
O presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, considerou que "hoje é um dia histórico na Guiné-Bissau", com o acordo pré-eleitoral, que "coloca o interesse nacional acima das diferenças partidárias".
"Hoje estamos a colocar a Guiné-Bissau em primeiro lugar. Com a assinatura deste acordo, afirmamos de forma clara, sem qualquer tipo de dúvida, é a hora de trabalhar e que não há nenhuma sacrifício exagerado, nenhum interesse pessoal", declarou.
As eleições de 23 de novembro têm 12 candidatos à presidência da República, entre eles o atual Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que concorre a um segundo mandato, e o antecessor, José Mário Vaz.