No dia em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, António Guterres aproveitou o seu
discurso no Museu Americano de História Natural de Nova Iorque, para anunciar os novos dados científicos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que revelam que existem 80 por cento de possibilidades de o planetar ultrapassar os 1,5º Celsius de aquecimento nos próximos cinco anos.
“Estamos a jogar à roleta russa com o nosso
planeta”, afirmou António Guterres. "Precisamos de uma rampa de saída da
autoestrada para o inferno climático", apelou.
"Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente. É também o dia em que o Serviço
de Alterações Climáticas Copernicus da Comissão Europeia reporta
oficialmente maio de 2024 como o maio mais quente de que há registo.
Isto marca 12 meses consecutivos dos meses mais quentes de todos os
tempos", afirmou.
Os dados mais recentes mostram que o nível de 1,5º C já foi ultrapassado nos últimos 12 meses, quando se registaram recordes de calor em vários meses consecutivos e a temperatura média global atingiu os 1,63º C, de acordo com o sistema de monitorização Copernicus da União Europeia.
“Não podemos aceitar um futuro em que os ricos estão
protegidos em bolhas de ar condicionado, enquanto o resto da humanidade
é fustigada por condições meteorológicas letais em terras inabitáveis",
criticou.
O secretário-geral das Nações Unidos acusou os responsáveis da indústria dos combustíveis fósseis de serem os "padrinhos do caos climático" por "obterem lucros recorde" e "banquetearem-se com triliões de subsídios financiados pelos contribuintes", e considerou ser uma "uma vergonha que os mais vulneráveis estejam a ser deixados ao
abandono, lutando desesperadamente para lidar com uma crise climática
para a qual nada contribuíram"
António Guterres defendeu que as empresas dos combustíveis fósseis deveriam ser proibidas de fazer publicidade em todos os países, à semelhança da restrição imposta às tabaqueiras, por "muitos governos (que) restringem ou proíbem a publicidade a produtos que prejudicam a saúde humana, como o tabaco”.
Mas também exortou os meios de comunicação social e as empresas tecnológicas para deixarem de permitir a "destruição do planeta" ao aceitar o dinheiro da publicidade aos combustíveis fósseis. "E exorto os meios de comunicação social e as empresas de tecnologia a deixarem de aceitar publicidade a combustíveis fósseis", afirmou.
Apesar dos anúncios alarmantes e das críticas duras feitas pelo secretário-geral da ONU, este também elogiou o investimento feito em energias limpas e insistiu que o objetivo de 1,5ºC "ainda é possível", desde que os países e as empresas de combustíveis fósseis façam um esforço muito maior nos próximos 18 meses para reduzir as emissões de carbono. "Juntos, podemos vencer. Mas está na altura de os líderes decidirem de que lado estão", afirmou.
c/agências