Geoffrey Hinton, considerado um dos maiores impulsionadores do desenvolvimento da Inteligência Artificial na Google, demitiu-se da empresa norte-americana e deixou vários avisos sobre os potenciais perigos desta tecnologia. Ao fim de mais de uma década a trabalhar no processo de criação e evolução dos assistentes virtuais, o "padrinho" da IA admitiu estar arrependido de algum do trabalho que desenvolveu.
O especialista em tecnologia trabalhou na Google mais de dez anos e foi um dos principais responsáveis pelos avanços tecnológicos que deram origem aos assistentes virtuais como o “ChatGPT”. Anunciou em abril que ia deixar as funções na empresa, sem adiantar os motivos da saída, e confessou que agora se sente mais à vontade para falar sobre os riscos da Inteligência Artificial.
O britânico-canadiano de 75 anos é um dos grandes pioneiros da Inteligência Artificial e dedicou-se ao longo de quase meio século a investigar formas de usar redes neurais para fins como aprendizagem de máquina, processamento de símbolos, memória e perceção. Mas admite que, agora, sente algum arrependimento pelo trabalho que fez.
À semelhança de outras vozes críticas, o cientista de computação considera que a IA pode ser usada como ferramenta para a desinformação, pode ameaçar vários empregos e até ser um risco para a humanidade.
Apesar dos receios que expressou quanto aos efeitos futuros da Inteligência Artificial, que ele próprio ajudou a criar e a desenvolver, Hinton não criticou a Google. Numa publicação no Twitter, o “padrinho” da IA assegurou que a renúncia ao cargo na empresa não se justificava com a possibilidade de poder criticar o trabalho da gigante tecnológica.
“Saí para poder falar sobre os perigos da IA sem considerar como isso afeta a Google. A Google agiu com muita responsabilidade”.
In the NYT today, Cade Metz implies that I left Google so that I could criticize Google. Actually, I left so that I could talk about the dangers of AI without considering how this impacts Google. Google has acted very responsibly.
— Geoffrey Hinton (@geoffreyhinton) May 1, 2023
A saída de Hinton ocorre numa altura em que muitos académicos e especialistas em computação têm alertado para os perigos desta tecnologia. A IA generativa é considerada tão importante como a introdução da "world wide web" e com potencial de disrupção maciço, da educação à saúde e aos negócios - o que pode representar um perigo exponencial.
"Neste momento, não são mais inteligentes do que nós, pelo que sei. Mas acho que em breve podem tornar-se".
A grande diferença é que com sistemas digitais, explicou, existem "muitas cópias do mesmo conjunto de pesos, o mesmo modelo do mundo".
"E todas essas cópias podem aprender separadamente, mas compartilham o conhecimento instantaneamente. Portanto, é como se tivessemos 10.000 pessoas e sempre que uma pessoa aprende algo, todos automaticamente sabem. E é assim que esses chatbots podem saber muito mais do que qualquer pessoa".