Pacote de austeridade passa no parlamento

por RTP
Manifestante, hoje, diante do parlamento grego Orestes Panagiotou, Epa

O parlamento de Atenas aprovou com 154 votos a favor o pacote de austeridade que condicionava a entrega da tranche seguinte do primeiro programa de ajuda à Grécia. As várias dissidências que se admitia como possíveis não se concretizaram: apenas um dos 155 deputados da maioria absoluta do PASOK fez coro com os imponentes protestos de rua e com a greve geral de 48 horas.

Os 155 deputados do partido do Governo votaram quase sem falha alguma e fizeram passar num parlamento com 300 assentos o pacote que vem sendo energicamente contestado pela população. No momento da votação, estavam prsentes 298 parlamentares.

O deputado socitalista que votou contra, Panayotis Kouroublis, afirmou, segundo citação da Agência France Press (AFP), que não podia "aceitar a chantagem" da União Europeia para aprovar uim plano que considera "injusto".

Um seu colega de bancada, Alexandre Athanassiadis, tinha anunciado que votaria contra o pacote, mas acabou por votar a favor, alegadamente por ter achado convicentes os argumentos esgrimidos no discurso do primeiro-ministro Georges Papandreou.

Também votou a favor da resolução uma deputada da oposição de direita, Elsa Papadimitriou, invocando para tanto a necessidade de "uma acção patriótica: consenso e colaboração".

Depois de votar contra, o socialista Korouboulis foi expulso do grupo parlamentar, segundo imediatamente anunciou Papandreou. A maioria, agora reduzida com a baixa resultante dessa expulsão, será novamente posta à prova amanhã por uma votação sobre a execução orçamental.

A Grécia vai receber a quinta tranche do financiamento internacional e não abrirá, ainda desta vez, bancarrota - pelo menos, a confiar nas várias declarações que, após esta difícil aprovação, dão como certa a não menos difícil aprovação da quinta tranche no Eurogrupo, reunido em 3 de julho. Os funcionários públicos receberão, ainda, os vencimentos do próximo mês.

Na rua, prosseguem os confrontos e a greve geral de 48 horas. Entre os protestos mais enérgicos, contam-se os que visam a privatização da DEI (Electricidade da Grécia), que têm cinluído cortes de energia desde há vários dias, atingindo diversos quarteirões das grandes cidades.

A AFP dá conta de detalhes reveladores sobre a situação, ao relatar o caso de manifestantes da Praça Syntagma, no centro de Atenas, que, após o corte de eletricidade, cavaram um buraco até atingirem um cabo subterrâneo para alimentarem a partir dele a rádio pirata Entash, dos "Indignados gregos".

A música transmitida pela rádio é antiga mas, como os "Homens da Luta", voltou a estar na moda: é a das canções de protesto de 1974 contra a ditadura dos coroneis, é a dos "Riders on the Storm", dos Doors.

Lagarde e Merkel aplaudem aprovação

O pacote agora aprovado prevê cortes na despesa na ordem dos 28.400 milhões de euros até 2015 e privtaziações no valor de 50.000 milhões de euros.

A nova diretora-geral, ontem nomeada, do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, apeou aos partidos de oposição no sentido de apoiarem doravante o pacote.

A chanceler alemã, Angela Merkel, fez saber que considerava a aprovação "uma boa notícia" e renovou o apelo aos bancos do seu país para que colaborassem no resgate da Grécia, embora, como lançou ao presidente do Deutsche Bank, Joseph Ackermannn, num congresso bancário em Berlim, saiba que eles, bancos, "vão estender-nos a mão, mas sem vontade".

E acrescentou a advertência: "Se vocês querem continuar a viver num país estável, estendam-no-la, e estendam-na com vontade". Merkel jusitifcou-se também por reclamar dos bancos uma colaboração na ajuda à Grécia: "Vamos propor alguma coisa, não por que o façamos com gosto , mas para evitar (...) uma fusão nuclear" (a metáfora de Merkel para designar a bancarrota da Grécia).
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