Os números colossais do Carnaval de Salvador, uma das maiores festas populares do mundo
Salvador, Brasil, 01 Fev (Lusa) - Mais de 200 milhões de euros é quanto os organizadores do carnaval de Salvador da Baía calculam estar a ser movimentados na economia da cidade em consequência da festa que começou na quinta-feira.
Com base num estudo realizado pela Superintendência de Estudos Económicos e Sociais da Baía (Sei), o presidente do Conselho Municipal do Carnaval, Reginaldo Santos, acredita que na verdade o volume financeiro gerado pode ser bem maior.
"É difícil, por exemplo, calcular o volume de vendas do comércio informal, como as centenas de vendedores de bebida que se espalham pelas calçadas em torno dos circuitos da festa", explica Reginaldo Santos.
Os números oficiais do Carnaval de Salvador justificam o facto de o evento estar entre as maiores festas populares do mundo. A estimativa é que nos sete dias da sua realização a cidade receba cerca de 500 mil turistas. No domingo à tarde, quando a festa atinge o seu pico máximo, a Polícia calcula que cerca de 1,2 milhão de pessoas estarão na rua e somente ao longo dos 13 quilómetros dos dois principais circuitos.
Essa quantidade de pessoas responde por um consumo que contabiliza no final da festa a venda de, por exemplo, mais de 2,5 milhões de litros de cerveja, 1 milhão de litros de refrigerantes e de 800 mil litros de água mineral.
As atracções que se revezam nos trios-elétricos e nos palcos espalhados por diversos bairros da cidade somam mais de 200 e incluem algumas das principais estrelas da música brasileira, como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Gilberto Gil e Caetano Veloso. O público nas ruas assiste gratuitamente a mais de 800 horas de shows, que acontecem simultaneamente em diversos sítios.
O estudo realizado pela Sei indica também que 130 mil empregos temporários são gerados na cidade em função da festa, em profissões como músicos, coreógrafos, dançarinos, electricistas, carpinteiros, técnicos de som, empregados de mesa, cozinheiros, recepcionistas e guias turísticos. E o mercado informal responde por outras 25 mil vagas, na maioria destinadas a vendedores de bebidas e comidas.
Para custear toda a infra-estrutura do carnaval, o Governo da Baía e a Prefeitura de Salvador estão a investir mais de 20 milhões de euros. Um total de 20 mil polícias são responsáveis pela segurança dos foliões e 2.600 médicos e enfermeiros trabalham nos postos montados em pontos estratégicos, para atender a casos de emergência.
Apesar de o poder público ser o principal investidor da festa, o lucro financeiro do Carnaval baiano fica exclusivamente com a iniciativa privada. A arrecadação com os impostos gerados não chega a cobrir 30 por cento do total investido pelo Governo da Baía e a Prefeitura de Salvador.
Os que mais lucram são os empresários que controlam os blocos em que se apresentam as grandes estrelas da música carnavalesca. Um dos principais, o Camaleão, comandado pela banda Chiclete com Banana, somente com a venda de abadás (a fantasia que dá direito ao folião participar no bloco), chega a uma facturação de 2,3 milhões de euros.
"Esse é um modelo que precisa ser revisto. Quem lucra também tem que assumir custos", analisa o presidente do Conselho Municipal do Carnaval, que defende uma nova legislação, obrigando a iniciativa privada a participar de forma mais efectiva do financiamento da festa.
WYJ.