Origens indianas. Aldeia de Thulasendrapuram dedica orações a Kamala Harris

por Carla Quirino - RTP
Thulasendhrapuram é uma pequena aldeia na Índia e está muito atenta às eleições norte-americanas. A entrada do templo local foi adornada com a imagem de Kamala @Unrulycat2511 via X

As raízes familiares de Kamala Harris, no flanco materno, estão localizadas em Thulasendhrapuram, uma pequena aldeia na Índia, a 14 mil quilómetros de Washington. E à entrada do templo local foi fixado um enorme cartaz com a imagem da vice-presidente dos Estados Unidos, entretanto apontada como a nova candidata presidencial democrata. Os aldeões seguem atentamente os momentos pré-eleitorais em solo norte-americano e rezam pelo sucesso da descendente da aldeia.

Do lado materno, os avós de Kamala Harris vêm da aldeia remota de Thulasendhrapuram, no sul do Estado de Tamil Nadu. A cidade indiana mais próxima é Chenaj, que dista cerca de 320 quilómetros.

Entre as descrições de quem lá vive, Thulasendrapuram é uma vila cercada por campos de arroz com uma única estrada estreita ladeada por coqueiros.Após o presidente Joe Biden ter desistido da corrida presidencial norte-americana, abrindo caminho a Kamala, começaram as orações comunitárias em Thulasendhrapuram.

Algumas horas depois do nascer do Sol, o principal sacerdote da aldeia, M. Natrajan, vestido com sarongue, prestou homenagem ao feito de Harris, com oferendas de doces e arroz doce a Dharmasastha, o deus hindu da verdade e da retidão, a quem o templo centenário é dedicado. 

O orgulho na descendente da terra destaca-se, especialmente entre as mulheres, que vêm Harris como uma delas. A futura candidata democrata corresponde a um símbolo de preserverança e inspiração do que é possível ser atingido pelas as mulheres.

“Todos a conhecem, até as crianças. Chamam-lhe minha irmã, minha mãe, disse Arulmozhi Sudhakar, uma representante do órgão local da vila. “Estamos felizes por ela não se ter esquecido das suas raízes e expressamos a nossa felicidade”, remata.

“Não é uma tarefa fácil chegar onde ela chegou no país mais poderoso do mundo”, sublinha Krishnamurthi, um gerente de banco aposentado, residente da aldeia.

“Estamos realmente orgulhosos dela. Antigamente os indianos eram governados por estrangeiros, agora os indianos estão a liderar nações poderosas”, acrescentou.

Festejos com fogo de artifício em 2021, em Thulasendrapuram, quando Kamala Harris foi escolhida para vice-presidente dos EUA | P. Ravikumar - Reuters
Laços com a Índia
Harris tem 59 anos, nasceu na Califórnia, mas era frequentemente levada à Índia pela mãe, Shyamala Gopalan, uma investigadora dedicada ao cancro da mama. Viveu no sul do Estado de Tamil Nadu, até 1958 quando se mudou para os EUA em 1958. Os pais de Gopalan eram de Thulasendrapuram.

Harris já tinha abordado a questão referindo-se à força da mãe: “A minha mãe, Shyamala, veio da Índia para os EUA sozinha aos 19 anos. Ela era uma força – uma cientista, uma ativista dos direitos civis e uma mãe que infundiu um senso de orgulho em suas duas filhas”.

Harris visitou Chennaj com a irmã Maya depois que sua mãe morreu e lançou as suas cinzas ao mar, de acordo com as tradições hindus.

"A positividade na mãe está também presente em Kamala”, revela R Rajaraman, um professor emérito de física teórica na Universidade Jawaharlal Nehru de Deli e colega de turma da mãe de Harris, acrescentando que "ambas são empreendedoras".

Do lado materno, o tio Gopalan Balachandran também se destacou como académico, e o avô, PV Gopalan, morador da aldeia de Thulasendhrapuram, tornou-se um especialista no realojamento de refugiados e foi conselheiro do primeiro presidente da Zâmbia na década de 1960.O avô PV Gopalan deixou a vila há décadas, mas os moradores dizem que a família manteve laços próximos e faz doações regulares para a manutenção do templo.

O sacerdote Natarajan acredita que as orações ajudarão Harris a vencer as eleições de novembro.

Por sua vez, os moradores alegam que podem estar a milhares de quilómetros de distância dos Estados Unidos, mas sentem-se ligados ao percurso de luta da democrata.

Aguardam, ansiosos, a possibilidade de "Kamala os visitar", dizem. "Desta vez, se ela vencer novamente, as comemorações serão maiores do que qualquer outra coisa que a vila alguma vez viu", insistiu o sacerdote.
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