Grupos de defesa dos direitos humanos instaram hoje o Governo sul-coreano a impedir a nomeação do Ahn Chang-ho como diretor da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, denunciando posições controversas do selecionado.
Antigo juiz do Tribunal Constitucional da Coreia do Sul, Ahn Chang-ho foi ouvido pelos deputados esta semana, depois de ter sido nomeado pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, para liderar a comissão.
A audição é um passo obrigatório para o magistrado, mas o chefe de Estado não precisa da aprovação dos deputados para formalizar a nomeação.
Associações de defesa dos direitos humanos mostraram-se indignadas com os comentários feitos pelo magistrado durante a audiência.
Para Ahn Chang-ho, a adoção de uma lei anti-discriminação, que os ativistas dos direitos humanos pedem há muito, equivaleria a "violar a liberdade de expressão" dos críticos do texto.
Organizações conservadoras, em particular as cristãs, opõem-se a essa lei, considerando-a uma forma de a comunidade LGBT+ (lésbicas, `gays`, bissexuais e transexuais) obter mais direitos no país, que não reconhece legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O antigo juiz também afirmou que a homossexualidade é uma "ferramenta essencial para fazer avançar [a causa do] socialismo e a revolução comunista", comentários que foram fortemente criticados na Internet.
Após a audiência de terça-feira, mais de 30 organizações civis emitiram uma declaração conjunta a condenar as afirmações de Ahn e a apelar para que este se retire.
"Para aqueles que consideram a homossexualidade um pecado, a lei anti-discriminação é um assunto tabu. É revoltante que alguém com tais opiniões seja nomeado para a comissão dos direitos humanos", referiram as organizações.
A presidência sul-coreana não respondeu de imediato a pedidos de comentários feitos pela agência de notícias France-Presse.